quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Os Obreiros Espiritas/Obreiros do Senhor

O trabalhador espírita

Agora que sabemos o que é a Doutrina Espírita, quais seus princípios e como ela deve ser praticada nos centros espíritas, comentaremos sobre como deve ser um trabalhador espírita.
Prestar serviço caritativo em uma casa religiosa requer boa vontade e perseverança.
Primeiro, porque sempre que modificamos algo em nossa vida, há como que uma barreira a ser transposta. Isso é a tentativa de mudança causando uma reação contrária.
Mudar o estabelecido, os costumes que temos, é muito difícil, pois nos fará rever conceitos e assumir novos compromissos.
E estas dificuldades de adaptação poderão ocorrer em muitos setores de nossa vida.
Ao comentá-los, lembremos da "Parábola do Semeador", onde caberá a nós deixarmos ou não as sementes frutificarem em nossos corações.

No lar: se ambos os cônjuges resolvem trabalhar em prol do próximo, não há problemas, pois os dois irão se ajudar nessa nova etapa da vida. Porém, se apenas um toma esta decisão, terá que saber contornar, com paciência e humildade, as reclamações e questionamentos do companheiro (a).
Raros são os casos em que mesmo não frequentando um trabalho caritativo o cônjuge não implica com o outro. Isso porque inconscientemente sente-se diminuído, sem forças para buscar algo novo, o que começa a perturbar.
Cabe àquele que decidiu buscar fazer algo de bom pelo próximo manter um diálogo constante, sem forçar ao outro a mesma iniciativa. Com exemplos na conduta e mostrando diariamente o quanto o trabalho espiritual tem lhe feito bem, irá tocar o coração do companheiro (a), que poderá vir a juntar-se a ele na seara de Jesus.
Mas mesmo que isso não ocorra, com o passar do tempo a mudança de atitudes dos que trabalham no centro espírita irá beneficiar diretamente toda sua família, ajudando na manutenção de um ambiente harmonioso e feliz, construindo um lar onde os filhos terão prazer em viver. Enfim, uma família cristã.

No trabalho: muitos dos velhos companheiros do novo trabalhador (a) espírita irão estranhar quando, no sábado à tarde, ao invés de ir no futebol ou às compras no shopping, ele for visitar velhinhos no asilo; ou bater de porta em porta pedindo alimento aos carentes. Será, então, chamado de "carola", "fanático", "rato de igreja" e outros adjetivos próprios de nossa sociedade. Esta será a fase mais difícil, pois muitas vezes passamos mais tempo com os amigos do trabalho e do lazer do que com nossa própria família.
Isso também passará com o tempo, quando seus amigos perceberão que não é a dedicação de algumas horas semanais em benefício alheio que o tornará menos sociável. Pelo contrário, sentirão uma maior serenidade em seus atos, um maior equilíbrio em seu cotidiano.
E o futebol, como as compras, não deixarão de existir em sua vida. Apenas cederão um pouco de espaço para os que necessitam de nosso amparo.

Os vícios: todos sabemos que cigarro e álcool não fazem bem para o organismo, nem em pequenas doses. Mas muitos de nós não conseguimos nos afastar, ainda, destes vícios. Compreendendo a Doutrina Espírita e como agem os fluidos que nos envolvem, percebemos que estes hábitos também prejudicam nosso corpo espiritual, o Perispírito, deixando-nos impregnados com as sensações dos mesmos.
O trabalhador espírita iniciante deve estar consciente da necessidade de lutar contra esses vícios materiais. Não de forma radical, pois a natureza não dá saltos. Mas de forma sensata e constante, contando com a ajuda dos bons Espíritos e de Jesus.
Já para o trabalhador espírita que pratica a mediunidade, ou que transmite passes, o uso do cigarro e do álcool é excluído. Isso porque no caso da mediunidade, muitos são os Espíritos comunicantes ainda ligados a esses vícios. E para orientá-los, ou envolvê-los em boas vibrações, médiuns e doutrinadores precisarão ter a "força moral na palavra", prescrita por Allan Kardec. Ou seja, se vamos orientar alguém para desvincular-se do vício, nós mesmos devemos estar desvinculados. Caso contrário, nossas palavras não emitirão sinceridade, apenas superficialidade.
É o mesmo que o pai ou mãe que bebem, fumam ou falam palavrões quererem proibir os filhos de fazerem o mesmo. De nada adiantará, se não houver o exemplo.
Já no caso do passista, ao ministrar o passe estará doando seus fluidos, juntamente com os dos Espíritos superiores. E se os seus estiverem contaminados pelas substâncias contidas no cigarro e no álcool, irão transmiti-las aos receptores.
É verdade que de nada adianta o médium não beber ou não fumar e viver na mentira, desonestidade, adultério e orgulho. Porém, estes são os vícios morais que a convivência com a Doutrina deve nos levar a modificar. E, verdadeiramente, são mais difíceis de vencer.
Começar pelos vícios materiais pode nos ajudar a ter força de vontade. Cabe a nós decidirmos.

As compensações: realmente, ser um trabalhador espírita necessita muito ânimo e coragem. Porém, as recompensas são reais. Pois todo aquele que trabalha para Jesus com sinceridade no coração encontra o "Reino de Deus" dentro de si, que nada mais é do que a paz de espírito e o equilíbrio na vida.
Abaixo, transcrevemos uma passagem contida em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 20, item 4, intitulada "Missão dos Espíritas", que nos mostra bem o que o Senhor espera daqueles que decidiram ajudar ao próximo.
Missão dos espíritas

"Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.
Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. O verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniqüidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.
Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.
Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.
Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nascente.
A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniqüidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.
Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade".
(O Evangelho Segundo do Espiritismo, cap. XX, item 4)

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