quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O Centro Espírita e suas atividades

O que é um centro espírita

Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras "espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.
Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo.
Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo.
Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.
Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares, para que se tenha a certeza de estar em um centro espírita.
Mostraremos abaixo, o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.

Palestras x Explanações e orações ao som de músicas, batuques, atabaques

Todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento doutrinário. As exposições geralmente são sobre a Codificação espírita e o Evangelho de Jesus, em uma ligação direta com nosso cotidiano. Não há nenhum ritual antes dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção de Jesus e dos bons Espíritos (geralmente, a oração é feita em pensamento). Em algumas oportunidades, antes ou no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém, este tipo de procedimento não é aconselhável, sendo indicado que seja praticado em datas e horários diferentes dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público, exatamente para se evitar confusões e mal-entendidos.
O Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.

Trajes normais x Trajes especiais

Os trabalhadores de uma casa espírita trajam-se normalmente, de forma simples. A discrição deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali estão para auxiliar as pessoas que buscam orientação para seus problemas materiais e espirituais.
O Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia dos seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento para o espírita.

Inexistência de rituais, amuletos e imagens x Presença de rituais e/ou sacrifícios de animais

O verdadeiro centro espírita não pratica em suas atividades nenhum tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o Mestre Jesus ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em espírito e verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material para contatarmos com a espiritualidade, ou ainda: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os Espíritos.
Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não são encontradas imagens de santos ou personalidades, amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo espiritual. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados, ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.

Comunicação particular com os Espíritos x Comunicação de Espíritos em público

Os grupos espíritas têm reuniões específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados durante longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles, obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: "Amados, não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo assim, o centro espírita evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos.
Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além.
A Doutrina Espírita é contrária a manifestação pública dos Espíritos, principalmente se for cercada de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.

Desenvolvimento cauteloso da mediunidade x Desenvolvimento mediúnico forçado

A Doutrina Espírita explica que todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver corretamente sua mediunidade, e estão contidas em "O Livro dos Médiuns". Os centros espíritas verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém "precisa" desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há problema. Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem.
Se ao chegar em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa" ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá as consequências materiais e espirituais; sua vida será um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar". Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro ser). Cuidado!

Não há promessas de curas x Promessas de cura

O verdadeiro centro espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é o Criador.O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, e de todas as formas possíveis (orações, tratamentos espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.
Qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à frequência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as Leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.

Passes simples x Passes com movimentos e gestos bruscos

O passe é um método utilizado dentro dos centros espíritas. Nada mais é do que a simples imposição das mãos de médiuns sobre a fronte de outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos e espirituais (energias positivas do próprio médium e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o corpo e a parte espiritual. Jesus usou muito deste artifício ao curar os enfermos que o procuravam. Tem duração em média de 30 segundos a 01 minuto. Geralmente, é aplicado dentro de salas específicas, após a palestra, individual ou coletivamente, com o público sentado e o passista de pé. Apenas são feitas orações, em pensamento, pelos médiuns, rogando o amparo de Jesus àqueles que estão recebendo os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos, apenas recebem sua influência mental e fluídica.Importante: nunca há necessidade do passista tocar a pessoa que recebe o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes possibilidades de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são dispensados no centro espírita.
Locais em que os passes são aplicados com movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou charuto, estalando-se os dedos, repetindo mantras e cânticos, tocando várias partes do corpo do receptor não são centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados por entidades, fazendo orientações ou conversando normalemente, não são médiuns espíritas.

Todo o serviço espiritual é gratuito x Cobrança pela ajuda espiritual

O verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações. Dar de graça o que de graça receber, ensinou Jesus, em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita dinheiro por serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes e trabalhadores têm profissões próprias, que lhes dão o sustento financeiro necessário para suas vidas. Quem sustenta materialmente a casa espírita são seus trabalhadores/sócios, através de doações mensais, destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Todo valor arrecadado será exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como frequentadores tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita. Caso algum frequentador da casa queira doar algo ao núcleo, é preferível que a doação seja feita em gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção e afins, que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados na manutenção da casa. Se houver por algum motivo uma doação em dinheiro, o centro espírita deverá fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação no balanço mensal do grupo.
Todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os procuram.
Não podemos comprar a paz de espírito e tranquilidade que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não é um ambiente espírita.

Os 10 principais serviços do centro espírita

A Doutrina Espírita, ou Espiritismo, tem como lema a liberdade de expressão. Assim, não há um órgão centralizador, como ocorre, por exemplo, na Igreja Católica. Há apenas os princípios básicos que sustentam a Doutrina, ou seja: a existência de Deus, dos Espíritos, a possibilidade da comunicação com eles, a existência do mundo espiritual, da Lei de causa e efeito e a reencarnação.
Diante disso, cada centro espírita tem a possibilidade de praticar as atividades doutrinárias da maneira que achar melhor. Colocaremos abaixo 10 das principais funções que devem ser praticadas dentro de um verdadeiro centro espírita. A prática correta ou não destas atividades vai variar de acordo com o conhecimento do grupo que dirigir a casa. E a melhor maneira de sabermos se os trabalhos estão sendo feitos dentro dos preceitos de Allan Kardec é analisarmos os resultados obtidos na orientação e tratamento dos problemas materiais e espirituais dos que buscam ajuda no centro espírita.

1) Recepção

Aquele que chega pela primeira vez no centro espírita geralmente tem uma série de dúvidas a respeito do funcionamento da casa. Muitas vezes nem sabe o que irá encontrar ali, haja visto a grande confusão que há na sociedade sobre o que é e o que não é Espiritismo. Havendo uma recepção, que pode ser uma simples mesa ou uma sala, o indivíduo poderá para lá se dirigir e obter as informações sobre horário de funcionamento da casa e trabalhos desenvolvidos.
É necessário que a pessoa responsável pela recepção tenha total conhecimento das atividades da casa e que se mantenha simpática em todos os momentos. Precisamos lembrar que a recepção é o primeiro contato do visitante com o centro espírita. E quase sempre é a primeira impressão que cativará ou afastará o público do grupo.

2) Palestras:

É o principal trabalho de uma casa espírita. O ser humano só consegue libertar-se de seus vícios morais ou materiais quando se esclarece dos malefícios que os mesmos trazem para sua existência. É através das palestras que os oradores conseguem levar o conhecimento espiritual existente na Doutrina Espírita.
Porém, por ser uma atividade de maior seriedade, deve ser entregue a pessoas preparadas doutrinariamente e experientes em relação à vida cotidiana.
O assistente precisa sentir no palestrante o que a Doutrina chama de força moral. Ou seja, que o expositor esteja falando de algo que conhece e pratica.
O tempo destinado à palestra também é importante. Muito curtas, são superficiais; compridas, tornam-se exaustivas. O ideal são palestras que tenham duração de no mínimo 30 minutos e no máximo 40 minutos.
Seu teor deve mesclar os postulados da Doutrina Espírita e o Evangelho de Jesus. Sempre que possível, relacioná-los com o dia-a-dia da sociedade. Assim, o ouvinte poderá fazer ligações do que está ouvindo com seus próprios problemas e dúvidas.
Importante: no momento da palestra, é aconselhável que as demais atividades da casa sejam interrompidas para que todos os trabalhadores e público possam escutá-la. Lembremos que a palestra será o agente modificador do necessitado e incentivador dos que prestam assistência no núcleo.

3) Atendimento particular

Chamado em alguns centros espíritas de consulta ou entrevista, este trabalho visa orientar e ajudar espiritualmente pessoas detentoras de problemas mais graves, e quando necessário, submetê-las a um tratamento espiritual.
Em uma sala reservada, um atendente e um auxiliar (trabalhadores experientes da casa) receberão para uma conversa íntima indivíduos desajustados emocionalmente, desesperados, com dificuldades familiares, amorosas, financeiras, desiludidos da vida.
A recepcionista da casa se encarregará de preencher uma ficha com os dados básicos do atendido (nome, idade, estado civil, endereço), encaminhando-a aos atendentes. Estes, após conversarem com a pessoa, farão os demais apontamentos que julgarem necessários para o acompanhamento do caso, como: estado emocional, religião praticante, se é portador de algum desequilíbrio mental já diagnosticado por médicos, se está sob efeito de remédios, e outras informações que poderão ajudá-los em um possível tratamento espiritual.
Casas que já possuem médiuns devidamente preparados poderão detectar durante a entrevista ou em uma reunião mediúnica se há ou não uma influência espiritual atuando junto ao ser, orientando-o após isso sobre as atitudes a serem tomadas. Caso contrário, o atendente terá seu trabalho limitado, mas poderá orientar o indivíduo dentro de um posicionamento cristão, ajudando-o a corrigir seus defeitos e encontrar a paz procurada.
Importante:

a) Todas as informações prestadas pelo entrevistado ao atendente serão altamente sigilosas. As fichas que contêm anotações sobre a vida particular da pessoa deverão ficar em um fichário sob a responsabilidade daqueles que participaram da entrevista.
b) Caso haja a utilização de um médium verificando a atividade espiritual ao lado do atendido, possíveis manifestações de Espíritos nunca devem ocorrer na presença do necessitado, para evitar possíveis distúrbios psíquicos ou impressões indesejadas.

4) Reunião mediúnica:

Trata-se de uma reunião íntima onde apenas participam os médiuns (pessoas com maior capacidade de sentir a influência dos Espíritos) da casa e algum trabalhador auxiliar, pois ali muitas vezes serão tratados assuntos que dizem respeito à vida particular de pessoas que buscaram auxílio no centro espírita. Depois de passarem pela sala de atendimento, e verificadas possíveis influências espirituais (obsessão*), os casos serão levados às reuniões mediúnicas, ou de desobsessão. Nestas reuniões, o dirigente da sessão fará o que Allan Kardec denominou de evocação, ou seja: solicitará a Jesus e aos Espíritos superiores que permitam a manifestação da entidade espiritual que está acompanhando determinado ser. Ao se manifestar em um dos médiuns presentes, este Espírito receberá o que o Espiritismo chama de doutrinação, que nada mais é do que uma conversa franca e amigável com o Espírito comunicante. O trabalhador responsável tentará obter do Espírito o que ele deseja ao lado do necessitado e tentará convencê-lo a afastar sua influência, com a ajuda dos Espíritos que dirigem a casa.
A reunião mediúnica também pode servir para que os bons espíritos dêem orientações e para que os sofredores manifestem-se, podendo ser ajudados através da conversa.
Importante: para conseguirem-se bons resultados na doutrinação dos Espíritos é necessário que médium e doutrinador tenham uma vida moral sadia. Vícios materiais, como o cigarro, a bebida ou as drogas; e vícios morais, como o adultério, o orgulho, a sensualidade exagerada e a mentira devem ser combatidos rapidamente por aqueles que se dispõem a trabalhar em nome de Jesus em um centro espírita. Assim como nas palestras, onde o exemplo moral do palestrante é que tocará o indivíduo que o escuta, na mediunidade o Espírito só será convencido de que precisa se modificar se sentir que quem o está orientando ou dando-lhe passagem está esforçando-se também para isso. Caso contrário, a evocação dificilmente trará benefícios ao sofredor.

*Obsessão: Conforme define Allan Kardec em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. 28, item 81: "A obsessão é a ação persistente que um mau Espírito causa sobre um indivíduo".
É diferente, portanto, de uma perturbação espiritual simples, que pode ser causada pelo estado emocional momentâneo por qual passamos.
Na obsessão, o Espírito mau tem o objetivo persistente de prejudicar o obsediado, seja por uma afinidade moral, com o intuito de aproveitar-se dele; seja pelo ódio que os une devido a encarnações passadas.
A obsessão, porém, nunca tem como causa o Espírito obsessor, mas sim, as más tendências que todos carregamos dentro de nós. Ou seja, o obsessor é sempre consequência de nossa condição moral, pois se estivéssemos livres do orgulho, do egoísmo, da maledicência, do nervosismo, da impaciência, da avareza, da sensualidade exagerada, não haveria como uma entidade má se aproximar de nós. Pois a aproximação só se dá pela afinidade de pensamentos e desejos.
Pensar e agir bem, portanto, é o melhor método de afastarmos as obsessões de perto de nós. E se necessário, a administração de um Tratamento Espiritual (descrito a seguir) dará grandes possibilidades de livrar o obsediado desta doença moral.

5) Tratamento espiritual:

Todo aquele em que foi diagnosticada uma obsessão poderá passar por um tratamento espiritual. Ele consiste na aplicação de passes semanais, ingestão de água fluidificada e o acompanhamento das palestras no centro espírita, buscando a análise constante das imperfeições que possibilitaram à má influência instalar-se ao seu lado, tentando melhorar-se moralmente a cada dia.
Este tratamento será complementado nas reuniões mediúnicas, onde os responsáveis pela ajuda continuarão a evocar a entidade perturbadora no sentido de orientá-la a seguir outro caminho.
Assim, atua-se nos dois campos que geram o problema obsessivo: o obsediado, orientando-o moralmente e auxiliando-o fluidicamente; e o obsessor, alertando-o de seu estado e encaminhando-o para um melhor estágio espiritual.

6) Passes:

Os passes são transmissões de fluidos de um ser para outro. Os fluidos são energias que fazem parte da estrutura material e espiritual dos seres. Nos centros espíritas é aconselhável que os médiuns passistas tenham uma vida regrada, sem os vícios já citados no item "Reuniões mediúnicas". Afinal, se seus fluidos estiverem contaminados por maus pensamentos ou atitudes indevidas poderão prejudicar ao invés de auxiliar quem os recebe.
O passe é aplicado apenas com a imposição das mãos do passista sobre a fronte do indivíduo. Não é necessário tocá-lo.
No momento do passe, o passista busca sintonia com os Espíritos superiores, geralmente através de uma prece feita de pensamento. Com isso, estes amigos espirituais poderão ajuntar seus fluidos aos fluidos do médium, favorecendo ainda mais quem está recebendo. A pessoa após o passe irá se sentir fortalecida e mais disposta frente aos problemas por quais passa.

Importante: o passe é um complemento espiritual, e não a solução. Para que o indivíduo possa melhorar é necessário que busque constantemente a libertação de suas imperfeições. Aqueles que buscam a casa espírita apenas para receber o passe devem ser orientados sobre a necessidade do esclarecimento através das palestras e das boas leituras.

7) Livro de preces:

Muitas pessoas que vêm ao centro têm parentes e amigos que não podem acompanhá-los por variados motivos: doença, viagem, trabalho ou mesmo ignorância sobre o que é a Doutrina Espírita. Outras há que gostariam que seus entes desencarnados recebessem boas vibrações através de orações feitas no núcleo. O livro de preces serve para isso. As pessoas deixam lá os nomes, idade e endereço dos que elas gostariam que fossem beneficiados pela prece. Um trabalhador da casa pode ficar responsável por anotar os dados, que posteriormente serão levados para a reunião mediúnica. Assim, em determinada parte do trabalho, será feita uma prece a Jesus e aos bons Espíritos, pedindo que possam interceder junto àqueles que ali estão anotados.
Importante: sempre que possível, orientar ao público que embora as preces à distância possam levar ajuda, o ideal é a presença da pessoa na casa espírita, onde o amparo será mais direto e os resultados melhores.

8) Estudo doutrinário:

É indispensável ao bom funcionamento do centro espírita o estudo semanal das Obras Básicas da Doutrina Espírita. Para os trabalhadores em geral, é aconselhável a leitura de "O Livro dos Espíritos" e de "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Quanto aos que trabalham na mediunidade, a leitura de "O Livro dos Médiuns" torna-se obrigatória para o bom desenvolvimento de suas faculdades.
Se a casa espírita fica sem estudo torna-se presa fácil de Espíritos atrasados que vez por outra tentam atrapalhar o bom andamento dos trabalhos em nome de Jesus. Conhecendo as Obras Básicas da Doutrina, as orientações de Kardec e os conselhos dos Espíritos superiores, os trabalhadores do centro estarão mais atentos para saberem se estão ou não fazendo da casa um núcleo espírita sério.
As obras acessórias que existem no movimento espírita, psicografadas (escritas através de médiuns influenciados por Espíritos) por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros médiuns de renome também podem ser estudadas, desde que não sejam o alvo principal dos estudos. O trabalhador precisa estudar e revisar constantemente as obras de Kardec para poder separar o joio do trigo existente nas obras acessórias.

Importante: para os que estão ingressando ou querendo ingressar nos trabalhos da casa, é importante que o centro tenha um curso para iniciantes, como o que estão participando.
Há vários cursos deste tipo no movimento espírita, que trazem um resumo da Doutrina e de sua história. É aconselhável que diferente dos trabalhadores, que devem estudar sempre, os iniciantes tenham um curso de curta duração (no máximo 5 meses, com aulas semanais). Caso contrário, poderão desanimar antes de conhecerem mais a fundo o Espiritismo.
Se o curso seguir estas dicas, com certeza será um grande auxiliar na captação de novos trabalhadores para o centro.

9) Assistência material:

A caridade material deve fazer parte de toda casa espírita. Se ficarmos apenas na teoria, sem colocar "a mão na massa", o centro corre o risco de tornar-se apenas um núcleo de muita conversa e pouco serviço.
Trabalhos assistenciais a serem desenvolvidos não faltam: visitas a enfermos em hospitais, manicômios, orfanatos, asilos; distribuição de cestas de alimento, de roupas, de comida; desenvolvimento de escolas profissionalizantes, cursos de gestantes, evangelização infantil em favelas e muitas outras formas de auxílio aos carentes do pão material.
Todo trabalhador do centro espírita deve buscar ao menos um tipo de caridade material por semana. Isso desenvolverá dentro dele o sentimento de compaixão ao próximo, que lhe será muito útil em sua vida, dentro e fora da casa espírita

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