sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Existe casamento espírita???

COMO É O CASAMENTO ESPÍRITA? Em um casamento espírita só há cerimônia civil; não há cerimônia religiosa. E nenhum centro espírita ou sociedade verdadeiramente espírita deveria realizar casamentos, pois o Espiritismo não instituiu sacramentos, rituais ou dogmas. No local escolhido para realizar a cerimônia civil, uma prece poderá ser feita por um familiar dos noivos (não é preciso convidar um presidente de centro, um orador espírita, um médium, nem é preciso que um espírito se comunique para “DAR A BÊNÇÃO”). De preferência, que seja tudo simples, sem exageros, excessos e desperdícios. Deve haver intensa participação espiritual dos noivos, dos familiares e convidados, assim como há dos amigos desencarnados. Os noivos que forem verdadeiramente espíritas devem saber como se casar perante a sociedade e a espiritualidade, respeitando as convicções dos familiares “não espíritas”, mas tentando fazer prevalecer as suas. Porque o espírita precisa ajudar a renovação das idéias religiosas e não conseguirá isso, se ocultar sempre o que já conhece e se ceder sempre aos costumes religiosos tradicionais. Além do que, o espírita tem o direito de não ficar preso às fórmulas religiosas que nada mais lhe significam. O QUE UMA PESSOA ESPÍRITA DEVE FAZER QUANDO O PAR ESCOLHIDO FOR DE OUTRA RELIGIÃO? Parece-nos que deverá logo na fase de namoro, buscar o entendimento religioso com o futuro cônjuge; se houver possibilidade, traze-lo ao entendimento espírita; não havendo essa possibilidade, analisar se apesar da divergência religiosa, levará ao casamento. Se a resposta for positiva, então o(a) espírita se defrontará com a questão da forma ou maneira de realizar esse casamento. Quando o(a) parceiro(a) não-espírita tiver sincero fervor na religião que professa, a ponto de sentir-se “EM PECADO” e com traumas morais sem a cerimônia que o seu credo estabelece, parece-nos que o(a) espírita (que está mais livre de injunções dogmáticas) poderá aceitar a forma externa do casamento segundo o costume da religião do seu cônjuge. Que “pecado” poderá haver, do ponto de vista espiritual, em comparecermos a uma igreja qualquer e partilharmos de uma prece, feita ela deste ou daquele modo? Esta tolerância, porém, tem seus limites. Só se justifica diante de uma verdadeira necessidade espiritual do(a) parceiro(a) e não quando ele(a) for apenas um(a) religioso(a) de rótulo (religioso não-praticante), por convenção social ou quando a exigência é feita pela família dos noivos, sem qualquer necessidade espiritual destes. Também não irá a tolerância chegar ao ponto de o(a) espírita aceitar os sacramentos individuais (batismo, confissão, comunhão) para a realização da cerimônia. Somos livres para acompanhar o(a) cônjuge à cerimônia indispensável para ele(a), mas, também, somos livres para não aceitar imposições pessoais, a que só com hipocrisia poderíamos atender. Caberá a outra parte conseguir a dispensa dos sacramentos individuais para o(a) espírita. O QUE SIGNIFICA O CASAMENTO PARA O ESPÍRITA? Para os espíritas, casamento é mais que uma simples cerimônia, ele é visto como: UM PROGRESSO NA MARCHA DA HUMANIDADE, representando um estado superior ao da natureza em que vivem os animais. Um exemplo é a eliminação do egoísmo. O que antes dizíamos “meu quarto”, “minhas coisas”, depois de casados dizemos “nosso quarto”, “nossas coisas”; UMA UNIÃO NÃO DEVE SER APENAS FÍSICA OU MATERIAL (por beleza, atração sexual ou interesse financeiro, já que estes podem diminuir ou acabar), mas de caráter e implicações espirituais, pois: ATENDE À AFINIDADE (que unem os semelhantes pelos gostos, pelo modo de pensar, etc.); A EXPIAÇÕES, uniões para resgatar ou corrigir erros cometidos, a maioria ocorrem por afinidade ou sob a orientação dos mentores mais elevados (caso os Espíritos reencarnantes não estejam habilitados para esta escolha) ou A MISSÕES (uniões que regeneram e santificam). RESULTA DE RESOLUÇÕES TOMADAS NO PLANO ESPIRITUAL (antes da encarnação), livremente escolhidas e assumidas (caso os Espíritos reencarnantes já saibam e possam fazê-lo). ALLAN KARDEC propôs aos Espíritos a seguinte questão: - "Será contrário à lei da Natureza o casamento?" Eles responderam: "É um progresso na marcha da Humanidade". Sua abolição seria regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes. Em outro item do mesmo livro Kardec anotou: "A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade" (O Livro dos Espíritos, 695, 696 e 701). Segundo os Espíritos, há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. "Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos." O relaxamento dos laços de família traria como resultado a recrudescência do egoísmo (cf. O Livro dos Espíritos, 774 e 775). Allan Kardec, examinando o tema em outra obra, assim escreveu: "Na união dos sexos, de par com a lei material e divina, comum a todos os seres viventes, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral - a Lei do amor. Quis Deus que os seres se unissem, não só pelos laços carnais, como pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se transmitisse aos filhos, e que fossem dois, em vez de um, a amá-los, cuidar deles e auxiliá-los no progresso" (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 22, item 3).Portanto, o espírita, que estuda e busca entender a doutrina dos espíritos, sabe que a orientação é começarmos a nos desvencilhar da materialidade. O empenho maior não deve ser com a cerimônia, mas sim com os compromissos conjugais do dia-a-dia, que envolve a responsabilidade de ambos com a educação dos filhos que Deus os confiar. Quando entendermos que Deus abençoa toda união, com ou sem cerimônia religiosa, nossa preocupação será convidar Jesus para viver em nosso lar. Não em quadros, crucifixos ou imagens, mas aplicando SEUS ensinamentos todos os dias, como: "FAZER AO OUTRO O QUE GOSTARÍAMOS QUE ESTE OUTRO NOS FIZÉSSE." Exemplo: Se não gostamos de ser traídos, não trairemos; se queremos tolerância com nossas falhas, seremos tolerantes com a falha do outro, etc. Só assim, a união será duradoura e passará pela riqueza e pobreza, saúde e doença, alegria e tristeza até que a morte (do corpo) nos separe "TEMPORARIAMENTE". Claudete Moura Raul Teixeira Casamento e Reencarnação - Richard Simonetti O casamento e o Espiritismo Matéria solicitada por Zezé Mota para sua amiga Rosmari, de Santos/SP Postado por Programa Muitas Vidas às Segunda-feira, Agosto 23, 2010

Principios fundamentais da Doutrina Espírita

•Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. •O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais. •Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados. •No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens. •Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais. •O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material. •Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo. •Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade. •Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação. •Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento. •Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição. •Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores. •As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro. •Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus. •A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade. •O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações. •A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus. •A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador. •A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. é este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.

O que é e o que não é espiritismo

Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras "espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina. Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo. Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo. Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo. Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares. Visando ajudar àqueles que não conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira. Palestras: todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento doutrinário. As exposições geralmente são sobre a Codificação espírita e o Evangelho de Jesus, em uma ligação direta com nosso cotidiano. Não há nenhum ritual antes dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção de Jesus e dos bons Espíritos (geralmente, a oração é feita em pensamento). Em algumas oportunidades, antes ou no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém, este tipo de procedimento não é aconselhável, sendo indicado que seja praticado em datas e horários diferentes dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público, exatamente para se evitar confusões e mal-entendidos. Explanações e orações ao som de músicas, batuques, atabaques: o Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos. Trajes normais: os trabalhadores de uma casa espírita trajam-se normalmente, de forma simples. A discrição deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali estão para auxiliar as pessoas que buscam orientação para seus problemas materiais e espirituais. Trajes especiais: o Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia das seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento para o espírita. Inexistência de rituais, amuletos e imagens: o verdadeiro centro espírita não pratica em suas atividades nenhum tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o Mestre Jesus ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em espírito e verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material para contatarmos com a espiritualidade. Presença de rituais como: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os Espíritos. Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não são encontradas imagens de santos ou personalidades do movimento espírita, amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo espiritual. Animais para sacrifício: o local que possui este tipo de prática ou decoração não é espírita. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados, ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos. Comunicação particular com os Espíritos: os grupos espíritas têm reuniões específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados durante longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles, obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: "Amados, não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo assim, o centro espírita evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos. Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além. Comunicação de Espíritos em público: a Doutrina Espírita é contrária a este tipo de manifestação, cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais. Desenvolvimento cauteloso da mediunidade: a Doutrina Espírita explica que todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver sua mediunidade, e estão contidas em "O Livro dos Médiuns" . Os centros espíritas verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém "precisa" desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há problema. Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem. Desenvolvimento mediúnico forçado: se ao chegar em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa" ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá as conseqüências materiais e espirituais; sua vida será um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar". Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro ser). Cuidado! Não há promessas de curas: o verdadeiro centro espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é o Criador.O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, é de todas as formas possíveis (orações, tratamentos espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo. Promessas de cura: qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à freqüência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus. Passes simples: o passe é um método utilizado dentro dos centros espíritas. Nada mais é do que a simples imposição das mãos de médiuns sobre a fronte de outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos e espirituais (energias positivas do próprio médium e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o corpo e a parte espiritual. Tem duração em média de 30 segundos a 01 minuto. Geralmente, é aplicado dentro de salas específicas, após a palestra, individual ou coletivamente, com o público sentado e o passista de pé. Apenas são feitas orações, em pensamento, pelos médiuns, rogando o amparo de Jesus àqueles que estão recebendo os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos, apenas recebem sua influência mental e fluídica.Importante: nunca há necessidade do passista tocar a pessoa que recebe o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes possibilidades de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são dispensados no centro espírita. Passes com movimentos: locais em que os passes são aplicados com movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou charuto, estalando-se os dedos, repetindo mantras e cânticos, tocando várias partes do corpo do receptor não são centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados por entidades, fazendo orientações ou conversando normalmente, não são médiuns espíritas. Todo o serviço espiritual é gratuito: o verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações. Dar de graça o que de graça receber, ensinou Jesus, em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita dinheiro por serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes e trabalhadores têm profissões próprias, que lhes dão o sustento financeiro necessário para suas vidas. Quem sustenta materialmente a casa espírita são seus trabalhadores, através de doações mensais, destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Todo valor arrecadado será exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como freqüentadores tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita. Caso algum freqüentador da casa queira doar algo ao núcleo, é preferível que a doação seja feita em gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção e afins, que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados na manutenção da casa. Se houver por algum motivo uma doação em dinheiro, o centro espírita deverá fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação no balanço mensal do grupo. Cobrança pela ajuda espiritual: todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os procuram. Não podemos comprar a paz de espírito e tranqüilidade que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não é um ambiente espírita

A mediunidade

Mediunidade Cultura é a herança social. É todo o conhecimento acumulado pelas pessoas ao enfrentarem situações e desafios no cotidiano. Cada pessoa, motivada pela necessidade ou interesse e sustentada pela prontidão, fará continuamente conhecimento ao buscar um referencial diferente, que permita a construção de conceitos novos e, por sua vez, sustente comportamentos, atitudes renovados. As ferramentas que estão à disposição do ser humano nessa busca de referenciais diferentes são muito variadas. A mediunidade é uma dessas ferramentas que podem ser utilizadas para o crescimento do ser humano, mas o seu conceito, utilizado pelo senso comum, deve ser modificado. No entendimento do Espiritismo, mediunidade não é sagrada, não é mística, não é mágica, não é sobrenatural. Não se alcança através de rituais ou de fórmulas predeterminadas. A sua prática é racional, equilibrada, transparente, fruto da persistência e da continuidade. O seu exercício envolve objetivo, planejamento e estruturação do processo. A mediunidade não serve para "falar com os mortos", pois os espíritos desencarnados não se enquadram nesta concepção do imaginário da cultura material. A mediunidade não se reduz a um balcão de atendimento ao qual se recorre para resolver problemas. Não serve para dizer o que as pessoas devem fazer ou para decidir seu futuro, tolhendo o seu livre-arbítrio. Para a Doutrina Espírita, mediunidade não deve ser vista como "transe". Mediunidade é sintonia e troca de experiência entre espíritos desencarnados e encarnados. Não há perda de consciência, não há anulação. Há soma das experiências das partes envolvidas, trazendo superação. A mediunidade não "serve contra mau olhado" , não "serve para ganhar na loteria", não serve para justificar comportamentos anormais. Não "serve para desobsidiar espíritos". Não é "dom", não é "graça", não é castigo ou punição. É trabalho contínuo para a construção de um momento diferente, evidenciado no comportamento de cada um. A mediunidade não faz milagres. Não concede "poderes" especiais. Ela não é fonte de todo o conhecimento. Os espíritos encarnados e os desencarnados envolvidos no processo mediúnico só conhecem alguma coisa na medida de suas experiências e de suas vivências. A mediunidade não é exclusiva de algumas pessoas. Ela é uma capacidade, uma faculdade do espírito, que se aperfeiçoa pelo exercício e esforço pessoal. Ela é de todo o grupo cultural e está intimamente ligada aos seus valores e sentimentos. A mediunidade não está pronta e acabada, transforma-se e modifica-se ao longo do tempo, acompanhando o momento emergente, as situações vividas pelo grupo, a evolução das pessoas. As pessoas evoluem pela soma de suas experiências e das experiências acumuladas pelo grupo social. Em constante crescimento interior, cada pessoa é diferente das outras porque vive experiências únicas ao longo de sua trajetória de vida. Ao ser colocada diante de novas situações, procura encontrar respostas em seu conhecimento acumulado ou no conhecimento acumulado de outras pessoas, estejam encarnadas ou desencarnadas. Exercitar a mediunidade é buscar e encontrar respostas para as questões das pessoas e da sociedade, através da comparação dos referenciais de valores, idéias e sentimentos do polissistema material e do polissistema espiritual, úteis para a evolução da pessoa e do grupo. Quando uma pessoa elabora um produto mediúnico está procurando, limitada pela prontidão do grupo cultural, evidenciar questões e/ou respostas novas para situações do social. Portanto, o seu produto é, antes de tudo, um produto cultural, com conceitos universais, alternativos, especialistas e individuais, e caracterizado por uma forma, com um significado e com uma função. Mediunidade é instrumento que auxilia cada pessoa na construção do novo, através do rompimento de seus limites, ampliando a visão de si mesmo, dos outros, da natureza, de Deus. Mediunidade é expressão de identidade, é sintonia e troca de experiência. Mediunidade é interação entre os polissistemas material e espiritual.

Reencarnação

Reencarnação Reencarnação é o processo pelo qual o espírito, estruturando um corpo físico, retorna, periodicamente, ao polissistema material. Esse processo tem como objetivo, ao propiciar vivência de conhecimentos, auxiliar o espírito reencarnante a evoluir. O reencarne obedece a um princípio de identidade de freqüências, ou seja, o espírito reencarna em um determinado continente, em um determinado país, em uma determinada região desse país, em uma determinada localidade dessa região, com determinadas características culturais (idioma, usos, costumes, valores, tradições, história etc.), bem como em uma determinada família, de acordo com a sintonia que a freqüência do seu pensamento consiga estabelecer em relação a cada um desses elementos. O espírito realiza a reencarnação conscientemente, inclusive traçando o seu próprio plano geral para a existência material que está se iniciando. O espírito reencarnante, de acordo com suas limitações, será mais ou menos auxiliado por espíritos com mais conhecimento e com os quais tenha afinidade. No entanto, se não estiver suficientemente equilibrado ou consciente, será orientado no planejamento de sua passagem pelo polissistema material. Todavia, reencarnado o espírito, inicia-se o processo de existência corporal no polissistema material. É um processo aberto, pois a trajetória pessoal do encarnado segue o exercício do seu livre-arbítrio. Portanto, não há que se falar em destino, em caminhos previamente traçados. O espírito encarnado, fundamentando-se em seu existente (a bagagem de conhecimentos e experiências adquiridos ao longo de toda a sua história, seja encarnado, seja desencarnado), passa a exercitar sua capacidade, a constatar e desenvolver suas potencialidades, enfim, passa a construir seu momento presente e seu momento futuro. Vai enfrentando contradições, dificuldades, obstáculos, facilidades, administrando encontros e desencontros, permanecendo no seu plano geral ou se desviando em função de algumas variáveis do processo, mas sempre de acordo com sua vontade. No exercício do livre-arbítrio, o espírito encarnado vai construindo seu equilíbrio ou seu desequilíbrio, de acordo com a maneira pela qual enfrenta as situações e a vida. Vai, por assim dizer, determinando-se, segundo a natureza de seus pensamentos e atos. Por menos que faça, ou por mais que se desequilibre, o espírito sempre alcança progressos em um ou outro aspecto do seu ser. A evolução não está necessariamente vinculada ao tempo de vida material, mas à intensidade com que ela é vivida. A quantidade de experiências e o aproveitamento que é feito delas é fundamental para o crescimento do espírito, não importando se as experiências estão sendo vivenciadas no polissistema material ou espiritual. É de se ressaltar que, entre uma encarnação e outra, o espírito continua trabalhando, continua aprendendo, continua evoluindo, de modo que ele não reencarna no mesmo estágio em que desencarnou. A Doutrina Espírita trabalha, atualmente, com a hipótese de que o processo reencarnatório envolve os conceitos de missão, provação, expiação e carma. Vale ressaltar que no entendimento atual da Doutrina, os processos reeencarnatórios apresentam facetas desses quatro conceitos, mas que algumas reencarnações podem apresentar o predomínio de algumas dessas características. Eles não são conseqüência de uma interferência ou controle externo ao espírito reencarnante, descartando-se portanto qualquer idéia de castigo, punição ou recompensa. Eles são decorrentes da lei de causa e efeito e das condições de equilíbrio e harmonia do espírito. Missão é a situação na qual o espírito reencarnante aplica conhecimentos internalizados a favor de uma pessoa ou do grupo de sua convivência. Provação é a situação na qual o conhecimento em processo de acomodação e internalização deve ser vivenciado; é a situação na qual o espírito é desafiado ao limite de seu conhecimento. Expiação não se refere à aplicação de conhecimento, mas, sim, a uma conseqüência de um conhecimento aplicado, que provocou conseqüências difíceis, desagradáveis, muitas vezes dolorosas, que o seu responsável deverá enfrentar. Carma ainda é um conceito útil dentro da concepção da Doutrina, desde que se esteja atento para o seu significado, diverso do de outras Doutrinas. Para o Espiritismo, carma caracteriza a situação na qual o espírito está enfrentando as conseqüências de atos seus que lhe provocaram um desequilíbrio muito intenso, tanto em qualidade como em quantidade, e que, pela sua intensidade, o espírito poderá levar toda uma encarnação, ou mais de uma, para recuperar seu equilíbrio. A pessoa em desequilíbrio estará sempre em recuperação tanto pela sua reação própria como pela ajuda de outras pessoas ( curar, aliviar, consolar; conhecimento técnico, moral e afetivo). O que varia é apenas o tempo necessário para que o equilíbrio seja novamente retomado. É importante frisar que as dificuldades que o espírito encarnado encontra em seu cotidiano muitas vezes não são explicadas pela reencarnação. Reencarnação não explica tudo. Há muitas situações de desequilíbrio causadas em sua encarnação atual. Em resumo, rencarnação não serve para explicar tragédias e desgraças; não serve para esconder a ignorância, não serve como desculpa ao imobilismo; não serve como consolo para aquelas situações que deveriam ser modificadas e não o são; não serve para destacar o passado e paralisar o presente. Reencarnação é oportunidade de aprendizado, é oportunidade de se aplicar o que se sabe e superar as limitações através de vivências sucessivas no polissistema material. Reencarnação é afirmação da unidade e da continuidade da vida.

O Livre arbítrio

Livre-Arbítrio Para a Doutrina Espírita não há destino, não há predestinação, não há sorte ou azar. O futuro é construído todos os dias. Através de pensamentos e ações, o espírito e seu grupo cultural escolhem e determinam seus caminhos, exercitando uma característica indissociável do ser inteligente: o livre-arbítrio. A evolução é o fundamento da vida e ocorre pela aquisição de conhecimentos em sentido amplo: técnico, afetivo, emocional, moral, filosófico, científico, religioso. O espírito adquire conhecimentos novos através das experiências, vivências e convivências acumuladas ao longo de sucessivas situações pelas quais passa, tanto no polissistema espiritual como no material. Ao somar conhecimentos novos, o ser modifica a visão que tem de si mesmo, dos outros, do mundo e de Deus, ou seja, amplia a sua consciência, evolui. O conhecimento e o comportamento resultantes das situações enfrentadas delimitam um caminho próprio para cada ser inteligente. De acordo com as suas escolhas, ele tem experiências diferentes e, em conseqüência, conhecimentos diferentes, que desenham uma seqüência própria que lhe confere individualidade. Na construção do perfil que caracteriza como único cada espírito (inteligência, afeto, sentimento, valor, consciência) a liberdade de escolha, o exercício do livre-arbítrio, é o que permite ao ser inteligente alcançar os objetivos da vida. Os segmentos de conhecimento acumulados pelo espírito no decorrer de suas experiências determinam, proporcionalmente, uma capacidade de entendimento, compreensão e construção. O conhecimento que o espírito possui permite que ele solucione várias situações da vida. Dentro do limite do que já é conhecido pelo espírito as situações não se constituem em dificuldade e a sua resolução contribui para que os que convivem com o espírito alcancem, também, o conhecimento que ele domina. Entretanto, como as experiências vividas são limitadas, o que o espírito sabe também é limitado. As dificuldades apresentadas na superação de algumas situações indicam as limitações do espírito. A solução, o conhecimento capaz de resolver a dificuldade, no entanto, não se encontra pronta; deve ser construída, adaptada às características únicas da situação e das pessoas envolvidas. A construção da resposta se faz da própria experiência do espírito ou da experiência acumulada pelo outro, encarnado ou desencarnado, que será adaptada ao edifício de conhecimentos do espírito, de acordo com a sua capacidade de raciocínio, seus sentimentos, seus valores e seu entendimento. É a liberdade de escolha que determina quais segmentos de conhecimento, tanto em qualidade como em quantidade, serão assimilados e como serão acomodados e equilibrados em relação aos conhecimentos que já constituem o ser, de forma coerente, para sustentar comportamentos. As situações que o espírito enfrenta ao longo de sua trajetória, tanto no polissistema espiritual como no material, podem ser uma conseqüência direta de suas atitudes anteriores, ou podem ser condicionadas por variáveis além do seu controle. Entretanto, a escolha que o espírito adota diante da situação apresentada é de sua completa responsabilidade. Dentro dos limites de seu entendimento, o espírito é responsável pelas conseqüências, efeitos, desdobramentos e novas situações geradas a partir de suas decisões. Diante do desafio e de acordo com sua liberdade de escolha, a resposta do espírito poderá estar situada entre o "hediondo" e o "sublime". No entanto, com maior probabilidade, a resposta será compatível, coerente, com as decisões anteriores que a pessoa já tomou. Haverá escolhas mais ou menos adequadas para um certo espírito em um dado momento. Como os caminhos são múltiplos e as situações enfrentadas são diferentes, as respostas deverão ser diversas. O critério para se encontrar a resposta mais adequada será sempre individual. A coerência entre a verdade alcançada e a sua prática deverá nortear a escolha consciente. Quanto maior o cruzamento de experiências que puder ser mobilizado e considerado antes da tomada de decisão, maior a probabilidade dela estar coerente com a história de vida da pessoa até então; maior a chance da decisão preencher a necessidade do espírito naquele momento. O autoconhecimento, portanto, é fundamental, para o exercício pleno do livre-arbítrio. Escolhas que afastem o ser inteligente da coerência com sua história propiciam desdobramentos com menor qualidade ou quantidade de experiências e, conseqüentemente, reduzem o aproveitamento daquela seqüência de experiências. Muitas vezes, no entanto, as conseqüências de uma atitude ou pensamento podem não ser tão significativas. A escolha pode alterar a ênfase e a direção da trajetória, modificando as possibilidades existentes, mas sem conotação positiva ou negativa. As experiências possíveis, após a decisão, passam a ser diferentes das planejadas, mas igualmente significativas para a evolução do espírito na medida em que segmentos diferentes de conhecimento são explorados. As conseqüências que se seguem ao exercício de escolha, propiciam experiências que vão contribuir para o crescimento do espírito na medida em que ele, consciente, se empenhe em aproveitá-las. O espírito cresce na medida em que se esforça por preservar ou ampliar as experiências que são favoráveis ou modificar as que não são adequadas. O exercício do livre-arbítrio sofre a influência dos chamados paradigmas da cultura, da inteligência e da contingência, que podem potencializar ou dificultar o seu exercício pleno. As influências sobre o livre-arbítrio são em primeiro lugar relativas ao conhecimento alcançado. Quanto maior o domínio sobre um segmento de conhecimento, tanto maior será o entendimento e a responsabilidade sobre as decisões. As decisões tomadas por uma pessoa, no exercício de seu livre-arbítrio, podem alterar, potencializar ou limitar o exercício do livre-arbítrio de outras pessoas. O exercício do livre-arbítrio é tanto uma atividade individual como do grupo social. As limitações e as capacidades do espírito se relacionam com as do grupo. As limitações e as capacidades do grupo refletem a soma da mentalidade de seus membros, determinando uma massa crítica que sustenta ou inibe algum tipo de comportamento. O meio cultural, no qual um espírito está encarnado, determina um quadro dentro do qual ele passa a se mover. Este quadro facilita atitudes e comportamentos na medida em que algumas soluções já experimentadas estão à disposição como exemplo. Em contrapartida, pode limitar, ao aceitar apenas comportamentos com características aceitas pelo grupo, dificultando a exteriorização das potencialidades do espírito. Atitudes que atuem contra a mentalidade dominante do meio cultural exigem maior esforço para a sua sustentação, necessitando do apoio de um referencial diferenciado. O grupo cultural evolui, muda seu comportamento, na medida em que seus membros evoluem, ou seja, esforçam-se para romper suas limitações, que também são, em parte, as do grupo. O grupo, não esquecendo de considerar aqui a família, pode determinar, criticar, inibir, sustentar, reforçar, permitir, propiciar, direcionar, induzir, limitar e estimular pensamentos e atitudes. O meio cultural é a maneira pela qual uma pessoa compartilha suas experiências com os outros. A inteligência, como capacidade de resolver problemas, determina uma ou algumas abordagens preferenciais que selecionam o que será considerado como problema, as respostas alcançadas e os caminhos que serão utilizados. Se há facilidade por um lado, por outro limitam-se as opções. A forma pela qual a cultura, associada às características biológicas estruturou a inteligência, direciona a solução de problemas. Há ainda, afetando o livre-arbítrio, as chamadas contingências, entendidas como incertezas sobre se uma coisa acontecerá ou não, o que pode ou não suceder, o eventual, o incerto, determinado por variáveis fora do controle da vontade da pessoa ou grupos envolvidos. O espírito que reencarna se submete a algumas condições pelo fato de estar na Terra que também afetam o exercício do livre-arbítrio. A alimentação, o sono, o envelhecimento, as limitações do físico, da visão, da audição, as formas de comunicação, as condições do meio ambiente, etc. Dentre os conceitos fundamentais que compõe o núcleo do Espiritismo, o livre-arbítrio é o aspecto da lei maior que sustenta a evolução do universo inteligente. Livre-arbítrio é a ação do espírito no limite de seu conhecimento, e responsável na medida de seu entendimento.

O Cristo

Jesus e a Moral Cristã Jesus, vivendo o seu tempo, construiu valores universais únicos, que, pela profundidade e extensão, modificaram os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos da humanidade. Para o Espiritismo, esses valores são conceitos fundamentais, sendo a moral cristã o eixo de sua visão de mundo e interpretação da realidade. O Espiritismo entende que o significado de Jesus encontra-se em seu exemplo de vida, fazendo e demonstrando a viabilidade de um padrão de comportamento. Foi a força de seu exemplo que deu significado à sua existência e não a série de mitos, interpretações e dogmas que foram agregados ao entendimento de sua mensagem. Portanto, é fundamental que o espírita possa fazer essas distinções. Para a Doutrina Espírita, Jesus, como todo ser humano, nasceu da união entre um homem e uma mulher e não de uma forma sobrenatural. De origem humilde, não era descendente de Davi e não possuía nenhuma pretensão ao poder temporal. O Espiritismo não recorre à idéia de milagre, que não existe para a Doutrina, para justificar algumas situações da existência de Jesus. Este, ao colocar em prática o seu conhecimento e a sua capacidade mediúnica, foi interpretado, pelo desconhecimento das pessoas ao seu redor, como o realizador de acontecimentos maravilhosos e fantásticos. Para entender Jesus, o Espiritismo não precisa utilizar a idéia de messias, salvador ou cordeiro de Deus. Não é importante como Jesus nasceu ou morreu, mas, sim, como viveu. Seu significado não se encontra nas condições de sua morte — não há necessidade de entendê-la como um sacrifício para salvar a humanidade ou tentar transformá-la em exceção através da idéia de ressurreição. Apesar de sua importância, Jesus não se confunde com Deus. Não é a Sua encarnação. Era filho de Deus como todas as criaturas o são. Deixar de confundir Jesus com Deus permite reconhecer o valor desse espírito que alcançou, pelo exercício de seu conhecimento, a compreensão do amor como lei fundamental do Universo, a que nenhum homem até então havia alcançado. Considerar Jesus como divino é retirar dele uma característica fundamental: a de um ideal possível de ser alcançado, uma referência exeqüível para a humanidade. Jesus, para a Doutrina, é um espírito que tem uma história ao longo da qual foi construindo seu conhecimento, diferenciando-se do nível médio da cultura terrena. Na medida em que vivenciou, em que desenvolveu experiências de vida, foi se fazendo presente, através da força de seu exemplo, da intensidade de sua coerência, da inovação e clareza do conhecimento que alcançou. O significado da síntese que construiu a respeito da existência, do ser humano, da vida, pode ser avaliado em um pequeno resumo de suas idéias: Deus único é o pai de todos (todos são iguais perante Deus) Ame a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o espírito, e ame seu próximo como a si mesmo, essa é toda a lei e todos os profetas estão contidas nela. Trate todos os homens da mesma forma que você gostaria de ser tratado Ame seus inimigos e faça o bem àqueles que o odeiam e ore por aqueles que o perseguem e caluniam Aquele dentre vocês que não tiver errado, que atire a primeira pedra Eu não digo que deva perdoar ao seu irmão até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes Reconcilie-se com seu adversário enquanto estiver com ele no caminho Não julgue a fim de que não seja julgado Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo O homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pela de muitos Por que vê um cisco no olho de vosso irmão, você que não vê uma trave no seu olho? Que a sua mão esquerda não saiba o que faz a sua mão direita Não se acende uma candeia para colocá-la sob o alqueire, mas sobre o candeeiro a fim de que ela clareie todos aqueles que estão na casa Não há nada de secreto que não deva ser descoberto, nem nada de oculto que não deva ser conhecido Fora da caridade não há condições de se alcançar um conhecimento maior de si mesmo e da vida. Bem aventurados os que choram, porque serão consolados; os que tem fome e sede de justiça porque serão saciados; os humildes porque deles é o reino dos céus; aqueles que tem o coração puro porque verão a Deus; aqueles que são brandos porque possuirão a Terra; os pacíficos, porque eles serão chamados de filhos de Deus; aqueles que são misericordiosos porque eles próprios obterão misericórdia Jesus, em sua existência cósmica, é o caminho, a verdade, a vida em sua multiplicidade, diversidade, alteridade. Seus ensinamentos, seu comportamento e os exemplos de outras pessoas que se identificaram com sua proposta, foram desenhando, construindo, um código, um padrão de referência fundamentado na unidade da humanidade e na igualdade entre os seres, e, em decorrência, no amor ao próximo, na solidariedade, na tolerância, na responsabilidade pessoal, na liberdade de consciência e na moral como defesa, promoção da vida. Jesus é padrão de comportamento aberto para auxiliar as pessoas na construção de seu próprio futuro. Jesus é exemplo claro de comportamento moral que reflete a identidade do ser com o Universo e com Deus.

Deus

Deus Deus é um princípio fundamental para a Doutrina dos Espíritos. "Não há vida, realidade, inteligência senão pela vontade de Deus" (Leocádio J. Correia, 25/09/82). Deus é a causa primeira de todas as coisas (Allan Kardec). Para o Espiritismo, o entendimento que os homens tem de Deus não está pronto nem é definitivo, está em constante evolução. O conceito de Deus modifica-se com o tempo , resultado de ampliações sucessivas de um conceito inicial, de abordagens complementares que destacaram aspectos diferentes de Deus não considerados até então, e, também, de visões contraditórias que expuseram as limitações de explicações utilizadas em determinado momento. A compreensão de Deus, alcançada por uma pessoa é a possível em face do seu conhecimento e do conhecimento do seu grupo social. A tradição judaico-cristã é um exemplo. Moisés alcançou a idéia de um Deus que, não sendo mais voluntarioso, estabelecia um contrato, um conjunto de regras a serem obedecidas pelo seu povo. Amós compreendeu que a relação de Deus com o homem seria, embora severa, justa (Deus de justiça). Oséas afirmou que Deus, na sua severidade, sabia perdoar os erros de seus filhos (Deus de perdão). O Deutero Isaías compreendeu que o Deus de Israel era o mesmo de toda a humanidade (Deus único). E Jesus traduziu em ações que todos são iguais perante Deus, e que o amor é a relação básica entre Deus e suas criaturas (Deus de amor). A visão histórica mostra que vários conceitos de Deus, aceitos em um determinado período, foram sendo abandonados na medida em que deixaram de atender às expectativas das pessoas e de seus grupos sociais. Deus foi aos poucos deixando de ser um deus entre muitos deuses. Deixou de ser o Deus de um só povo, o que comandava os exércitos e esmagava seus inimigos. Deixou de ser o Deus imprevisível em suas ações, que a todos castigava. Deixou de ser o Deus que provocava medo e controlava a vida das pessoas. Deixou de ser o Deus de uma Igreja, refém de concepções doutrinárias e dogmáticas. No entendimento do Espiritismo, Deus não se relaciona ao mágico, ao místico, ao divinal, ao sacro, ao infinito, ao absoluto. Deus não é matéria, nem energia. Ele não tem uma forma definida. Deus não está restrito a uma pessoa, por mais evoluída que seja, como Jesus. Deus não está no céu. Ele está nos seres mas não se confunde com eles; está nas coisas mas não se confunde com elas. Deus não prescreve comportamentos, não determina um conjunto de regras a serem seguidas. Logo, não há desobediência à sua vontade, não há pecado. Deus não vigia, não fiscaliza. Ele não pune, não castiga, não determina ou executa sentenças. Para o Espiritismo, Deus não aceita oferendas, sacrifícios ou promessas. Não concede graça, dom ou favores. Não intercede, não aceita pedidos, não protege alguém em especial. Deus não atua através de milagres. Deus não está limitado à humanidade, ao planeta Terra ou à Via Láctea. Deus abrange todas as coisas, todos os seres vivos, inteligentes ou não, encarnados ou desencarnados do Universo. Deus se estende pelo Cosmo e o mantém (o Universo organizado e ordenado) — Deus Cósmico. Para a Doutrina Espírita, o Universo é estruturado, as coisas não ocorrem ao acaso. Em tudo há causalidade, inteligibilidade, significado, padrão. Deus, para o Espiritismo, é a Inteligência Suprema (Allan Kardec). O objetivo do ser é a evolução, a ampliação de sua consciência através da aquisição de conhecimentos. Ao construir a sua trajetória de vida, o ser inteligente amplia a sua percepção e compreensão da natureza, das coisas, das pessoas, de si mesmo, do Cosmo, da estruturação inteligente do Universo e, em conseqüência, o seu entendimento de Deus. Deus torna-se evidente na Harmonia de tudo o que existe. Ao se fazer identidade com o Cosmo, se faz identidade com Deus, pois os seres, as coisas, as relações, a harmonia do Universo presentam Deus. Dessa forma, Deus é a totalidade. A estruturação inteligente do Universo é ampla, plural, variada, abrangendo o número de consciências do universo. O Livre-Arbítrio é parte fundamental do Cosmo e as infinitas possibilidades que surgem de seu exercício estão contidas na estruturação inteligente do Universo. A compreensão que o ser vai tendo do Cosmo é construída gradativamente e é expressa através de sínteses parciais, limitadas, incompletas. Algumas dessas sínteses parciais foram chamadas de leis de Deus, e muitas vezes entendidas como uma prescrição que deveria ser obedecida de forma rígida, como uma ordem direta de Deus que os homens não deveriam discutir. Com o tempo, no entanto, passou a ser vista como a expressão de uma compreensão, como uma aproximação do entendimento da estrutura inteligente do Universo. As chamadas leis não são prescrições, mas entendimentos. A identidade com Deus não se faz, portanto, pela obediência, mas através de conhecimento, entendimento, sabedoria, consciência. Todos os seres se relacionam com Deus tal como as criaturas com o Criador. Na medida em que evoluem, ampliam a sua consciência dessa unidade criatura-Criador. Todos os seres criam expressando Deus e nesse sentido pode-se compreender que Deus está presente em todos os seres (Deus onipresente). Pode-se compreender, também, que Deus é consciente através da consciência de todos os seres do universo (Deus onisciente). E, por fim, Deus faz, age, constrói através de suas criaturas. Elas são instrumentos do amor, da justiça, verdade, da evolução. A estruturação inteligente é operada pelas suas criaturas (Deus onipotente) "Deus é vida, paz, amor, compreensão, inteligência, justiça, caridade suprema, ...onipotência, onipresença, onisciência, verdade universal" (L.J.Correia, 25/09/88). Deus é a expressão da vida, Deus é a dinâmica da vida. Deus é a unidade que se revela todos os dias quando nos procuramos (Antônio Grimm). "...estou servindo ao meu Criador?" L.J.Correia

livros Básicos

Livros Básicos O que é o espiritismo Destacam-se os diálogos entre Allan Kardec e um religioso e um repórter ambos céticos sobre os princípios básicos do Espiritismo. O livro dos espíritos O livro básico da Doutrina Espírita. Contém os princípios do Espiritismo sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da humanidade. O evangelho segundo o espiritismo É o livro dedicado à explicação das máximas de Jesus, de acordo com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida. A Gênese Destacam-se os temas: Existência de Deus, origem do bem e do mal, destruição dos seres vivos uns pelos outros, explicações sobre as leis naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, a formação primária dos seres vivos, o homem corpóreo e a união do princípio espiritual à matéria. O céu e o inferno Denominado também " A Justiça Divina Segundo o Espiritismo". Oferece o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual. Coloca ao alcance de todos o conhecimento do mecanismo pelo qual se processa a justiça Divina. O livro dos médiuns Reúne as explicações sobre todos os gêneros de manifestações entre os polissistemas material e espiritual, os meios de comunicação e relação com os espíritos, a educação da mediunidade e as dificuldades que eventualmente possam surgir na sua prática.

História do Espiritismo

História do Espiritismo Em toda história humana , principalmente entre os povos mais antigos da India, Egito, Grécia, se fazem presentes os fatos mediúnicos. Existem registros na Bíblia de que os Hebreus faziam evocações aos mortos. Também observamos registros destes fatos nos escritos religiosos dos Vedas, as pitonizas, os oráculos, etc. Na Idade Média, devido à intolerância religiosa tornou-se difícil a prática destas manifestações. Somente no século XIX, em 1844, acontece o início da corrente espiritualista nos Estados Unidos da América, liderada pôr Andrew Jackson Davis protagonista de diversos fenômenos de desdobramento e experiências fora do corpo físico que levou a publicação de um conjunto de livros conhecidos como Filosofia Harmônica. Em 1848 houve maior interesse nas manifestações com o caso das irmãs Fox. O fenômeno ficou conhecido por ruídos, pancadas e movimentos cujas causas eram desconhecidas. Da América esse fenômeno multiplicou-se por toda Europa, em particular na França onde por alguns anos pessoas se colocavam em torno de mesas que emitiam ruídos e produziam movimentos. As mesas girantes, como foram chamadas na época, se tornaram moda e criaram divertimento nos salões da França. Em 1854 Hipolite Leon Denizard Rivail, pedagogo e educador, foi convidado a participar de reuniões onde era estudado o fenômeno das mesas girantes e conheceu o Sr. Baudin, passando a frequentar as reuniões em sua casa, onde a técnica utilizada não era mais a das mesas girantes e sim a das cestas escreventes. A partir daí passou a estudar metodicamente os fenômenos, observando, comparando, analisando e concluindo sobre todas as experiências de que participava formando um conjunto de mais de cinquenta cadernos de relatos. Ao concluir que as respostas obtidas através destas manifestações continham profundo sentido lógico, o estudioso publicou em 1857 o "Livro dos Espíritos". O livro foi publicado sob o pseudônimo de Allan Kardec visto que o professor Rivail não achava justo publicar algo que não era dele mas que provinha do ensinamento de pessoas que já havia falecido. No ano seguinte fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e editou a Revista Espírita. Em 1859 publicou "O que é o Espiritismo", em 1861, o "Livro dos Médiuns", em 1864 "O Evangelho Segundo o Espiritismo" , em 1865 "O Céu e o Inferno", e em 1868 "A Gênese". Com o desencarne de Allan Kardec em 1869, assumiu a liderança do movimento espírita Leon Denis, considerado o consolidador do espiritismo desenvolvendo o lado filosófico da doutrina.

Allan Kardec

Allan Kardec (1804 - 1869) Nascido em Lyon - França - de uma família tradicionalmente voltada para a magistratura e advocacia, Allan Kardec (pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail) desde jovem sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da filosofia. Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdum (Suíça), tornou-se um discípulo desse célebre professor e um dos mais zelosos propagandistas do seu sistema de educação. O fato de ter nascido de uma família católica e de ter sido educado em um país protestante, o fez experimentar situações de intolerância religiosa, o que o levou a conceber, desde cedo, a idéia da necessidade de uma reforma religiosa que culminasse com a unificação das crenças. Bacharelou-se em Letras e em Ciências; lingüista insigne, falava alemão, inglês, italiano, espanhol e holandês, chegando a traduzir diferentes obras de educação e moral para a língua alemã. Foi membro de várias sociedades culturais e científicas da época, entre outras, a Academia Real de Arrás. Em 1832 casou-se com Amélie Gabrielle Boudet, estabelecendo residência em Paris. Na própria residência, entre 1835 e 1840, fundou cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia, Astronomia, entre outros. Sua preocupação com a Educação, aliás, levou-o a publicar várias obras, abordando os mais variados assuntos, tais como Instrução Pública, Aritmética, Gramática Francesa, Geometria, Química, Física, Astronomia e Fisiologia, sendo que estes últimos eram professados por ele no Liceu Polimático. Em 1854 Allan Kardec tomou conhecimento dos fatos envolvendo as "mesas girantes e falantes". Começou a assistir as reuniões sem dar muito crédito. Foi convidado a estudar os fenômenos junto à família Boudin. Com o decorrer das pesquisas, Kardec definiu o Espiritismo como uma nova ciência a qual, pelo método experimental, chegou à conclusão de que estas manifestações provavam a existência da alma e de sua sobrevivência ao transe da morte. Percebera que cada espírito possuía um grau de conhecimento e moralidade. A comunicação com os Espíritos resultaram em vasto material, que consistia em relatos, descrições, desenhos e mensagens e, com a ajuda de amigos pesquisadores, Allan Kardec, resolveu estudá-los, classificá-los e explicá-los. Eliminou as repetições ociosas, anotou circunstanciadamente as falhas, as dúvidas e as lacunas para futuros esclarecimentos a serem ditados pelos Espíritos. Fundou em Paris, a 01 de abril de 1858 a primeira sociedade regularmente constituída, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Portador de uma lesão grave no coração, desencarnou a 31 de março de 1869, quando contava com 65 anos de idade.

Espiritismo

Doutrina dos Espíritos O que é uma Doutrina? - Doutrina é um conjunto de princípios que servem de base para um sistema de idéias. O direito, por exemplo, é baseado em princípios doutrinários como aquele que afirma: “todos são iguais perante a lei”, ou “não se deve penalizar o mesmo réu duas vezes pela mesma falta”. O Espiritismo é o conhecimento e a prática dos princípios da Doutrina dos Espíritos que as pessoas conseguem entender e aplicar no seu dia a dia. Estes princípios são, Deus como o fundamento do fundamento da vida; Jesus como exemplo de comportamento; reencarnação como oportunidade de voltar ao polisistema material para aplicar e ampliar o conhecimento; o livre arbítrio como meio de permitir o aprendizado da liberdade com responsabilidade e a mediunidade como meio de comunicação entre o polisistema material e o polisistema espiritual. Quanto mais estudamos, mais compreendemos que a Doutrina dos Espíritos faz parte do existente. Allan Kardec fez uma enorme contribuição para com a humanidade ao descobrir e registrar seus princípios. Entendemos que a Doutrina dos Espíritos não está pronta, pois o conhecimento se expande continuamente. O estudo da Doutrina dos Espíritos em torno dos eixos; filosofia, ciência e religião nos permite tecer a unidade do conhecimento de forma transdiciplinar e ir compreendendo os seus princípios e suas relações de causa e efeito. A Doutrina dos Espíritos quer ajudar o ser a revelar-se a si mesmo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SOCIEDADE ESPÍRITA KARDECISTA MENSAGEIROS/GDMEM: 34º CONFRATERNIZAÇÃO ENCONTRO FATERNAL(CONEF)

SOCIEDADE ESPÍRITA KARDECISTA MENSAGEIROS/GDMEM: 34º CONFRATERNIZAÇÃO ENCONTRO FATERNAL(CONEF): Em Janeiro de 2012 será realizada a 34°CONEF-Confraternização Encontro Fraternal na cidade de Crateús no Estado do Ceará.O tema central da c...

34º CONFRATERNIZAÇÃO ENCONTRO FATERNAL(CONEF)

Em Janeiro de 2012 será realizada a 34°CONEF-Confraternização Encontro Fraternal na cidade de Crateús no Estado do Ceará.O tema central da confraternização será focada em torno da Divulgação da Doutrina espírita.O evento será promovido pelo Grupo espírita Seareiros da Paz.Além de Crateús outras cidades vizinhas e povoados realizarão as 35°,36°,37° e 38° CONEF(s).Que a luz do divino mestre possa iluminar Crateús e região.A Conef é administrada pela SOCIEDADE ESPIRITA KARDECISTA MENSAGEIROS(sekm/gdmem) de Brasília-DF.Que tem como lema "DEUS,CRISTO E CARIDADE.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

DEUS,CRISTO E CARIDADE

A Escolha de Jesus

(Reunião realizada no início do séc. XVI)

Dirigindo-se [Jesus] a um dos seus elevados mensageiros na face do orbe terrestre, em meio do divino silêncio da multidão espiritual, sua voz ressoou com doçura:

— Ismael, manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo a sagradas inspirações do nosso Pai.
Reúne as incansáveis falanges do Infinito, que cooperam nos ideais sacrossantos de minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da pátria do meu ensinamento.
Para aí transplantei a árvore da minha misericórdia e espero que a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo. Ela será a doce paisagem dilatada do Tiberíades, que os homens aniquilaram na sua voracidade de carnificina.
Guarda este símbolo de paz e inscreve na sua imaculada pureza o lema de tua coragem e do teu propósito de bem servir à causa de Deus e, sobretudo, lembra-te sempre de que estarei contigo no cumprimento dos teus deveres, com os quais abrirás para a Humanidade dos séculos futuros um caminho novo, mediante a sagrada revivescência do Cristianismo.

Ismael recebe o lábaro bendito das mãos compassivas do Senhor, banhado em lágrimas de reconhecimento,e, como se entrara em ação o impulso secreto da sua vontade, eis que a nívea bandeira tem agora uma insígnia. Na sua branca substância, uma tinta celeste inscrevera o lema imortal: “DEUS, CRISTO e CARIDADE”.
Todas as almas ali reunidas entoam um hosana melodioso e intraduzível à sabedoria do Senhor do Universo. São vibrações gloriosas da espiritualidade, que se elevam pelos espaços ilimitados, louvando o Artista Inimitável e o Matemático Supremo de todos os sóis e de todos os mundos.

(Capítulo 03 do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho
Chico Xavier / espírito Humberto de Campos – 1938

BIOGRAFIA DE EURÍPEDES BARSANULFO

Eurípedes Barsanulfo



Nascido em 1º de maio de 1880, na pequena cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais, e desencarnado na mesmo cidade, aos 38 anos de idade, em 1o. de novembro de 1918.

Logo cedo manifestou- se nele profunda inteligência e senso de responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas experiências de vidas pretéritas.

Era ainda bem moço, porém muito estudioso e com tendências para o ensino, por isso foi incumbido pelo seu mestre- escola de ensinar aos próprios companheiros de aula. Respeitável representante político de sua comunidade, tornou- se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula, tendo participado ativamente da fundação do jornal "Gazeta de Sacramento" e do "Liceu Sacramentano". Logo viu- se guindado à posição natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros valores da vida.

Através de informações prestadas por um dos seus tios, tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana. Diante dos fatos voltou totalmente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas.

Despertado e convicto, converteu- se sem delongas e sem esmorecimentos, identificando-se plenamente com os novos ideais, numa atitude sincera e própria de sua personalidade, procurou o vigário da Igreja matriz onde prestava sua colaboração, colocando à disposição do mesmo o cargo de secretário da Irmandade.

Repercutiu estrondosamente tal acontecimento entre os habitantes da cidade e entre membros de sua própria família. Em poucos dias começou a sofrer as conseqüências de sua atitude incompreendida.

Persistiu lecionando e entre as matérias incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade, sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer- lhe dinheiro para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos foram retirados um a um.

Sob pressões de toda ordem e impiedosas perseguições, Eurípedes sofreu forte traumatismo, retirando- se para tratamento e recuperação em uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando- o para a vida missionária. Um dos primeiros casos de cura ocorreu justamente com sua própria mãe que, restabelecida, se tornou valiosa assessora em seus trabalhos.

A produção de vários fenômenos fez com que fossem atraídas para Sacramento centenas de pessoas de outras paragens, abrigando- se nos hotéis e pensões, e até mesmo em casas de famílias, pois a todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo o lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido, o benefício da cura, através de bondosos Benfeitores Espirituais.

Auxiliava a todos, sem distinção de classe, credo ou cor e, onde se fizesse necessária a sua presença, lá estava ele, houvesse ou não condições materiais.

Jamais esmorecia e, humildemente, seguia seu caminho cheio de percalços, porém animado do mais vivo idealismo. Logo sentiu a necessidade de divulgar o Espiritismo, aumentando o número dos seus seguidores. Para isso fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", no ano de 1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e alguns amigos, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo doutrinário, como nas atividades de assistência social.

Certa ocasião caiu em transe em meio dos alunos, no decorrer de uma aula. Voltando a si, descreveu a reunião havida em Versailles, França, logo após a I Guerra Mundial, dando os nomes dos participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o célebre tratado.

Em 1o. de abril de 1907, fundou o Colégio Allan Kardec, que se tornou verdadeiro marco no campo do ensino. Esse instituto de ensino passou a ser conhecido em todo o Brasil, tendo funcionado ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200 alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a cerrar suas portas por algum tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.

Seu trabalho ficou tão conhecido que, ao abrirem- se as inscrições para matrículas, as mesmas se encerravam no mesmo dia, tal a procura de alunos, obrigando um colégio da mesma região, dirigido por freiras da Ordem de S. Francisco, a encerrar suas atividades por falta de freqüentadores.

Liderado a pulso forte, com diretriz segura, robustecia- se o movimento espírita na região e esse fato incomodava sobremaneira o clero católico, passando este, inicialmente de forma velada e logo após, declaradamente, a desenvolver uma campanha difamatória envolvendo o digno missionário e a doutrina de libertação, que foi galhardamente defendida por Eurípedes, através das colunas do jornal "Alavanca", discorrendo principalmente sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é Deus", com argumentação abalizada e incontestável, determinando fragorosa derrota dos seus opositores que, diante de um gigante que não conhecia esmorecimento na luta, mandaram vir de Campinas, Estado de S. Paulo, o reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos, convencidos de que com suas argumentações e convicções infringiriam o golpe derradeiro no Espiritismo.

Foi assim que o referido padre desafiou Eurípedes para uma polêmica em praça pública, aceita e combinada em termos que foi respeitada pelo conhecido apóstolo do bem.

No dia marcado o padre iniciou suas observações, insultando o Espiritismo e os espíritas, "doutrina do demônio e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas", numa demonstração de falso zelo religioso, dando assim testemunho público do ódio, mostrando sua alma repleta de intolerância e de sectarismo.

A multidão que se mantinha respeitosa e confiante na réplica do defensor do Espiritismo, antevia a derrota dos ofensores, pela própria fragilidade dos seus argumentos vazios e inconsistentes.

O missionário sublime, aguardou serenamente sua oportunidade, iniciando sua parte com uma prece sincera, humilde e bela, implorando paz e tranqüilidade para uns e luz para outros, tornando o ambiente propício para inspiração e assistência do plano maior e em seguida iniciou a defesa dos princípios nos quais se alicerçavam seus ensinamentos.

Com delicadeza, com lógica, dando vazão à sua inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo Reverendo, reduzindo- o à insignificância dos seus parcos conhecimentos, corroborado pela manifestação alegre e ruidosa da multidão que desde o princípio confiou naquele que facilmente demonstrava a lógica dos ensinos apregoados pelo Espiritismo.

Ao terminar a famosa polêmica e reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou- se dele e abraçou- o fraterna e sinceramente, como sinceros eram seus pensamentos e suas atitudes.

Barsanulfo seguiu com dedicação as máximas de Jesus Cristo até o último instante de sua vida terrena, por ocasião da pavorosa epidemia de gripe que assolou o mundo em 1918, ceifando vidas, espalhando lágrimas e aflição, redobrando o trabalho do grande missionário, que a previra muito antes de invadir o continente americano, sempre falando na gravidade da situação que ela acarretaria.

Manifestada em nosso continente, veio encontrá-lo à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias pobres. Havia chegado ao término de sua missão terrena. Esgotado pelo esforço despendido, desencarnou no dia 1o. de novembro de 1918, às 18 horas, rodeado de parentes, amigos e discípulos.

Sacramento em peso, em verdadeira romaria, acompanhou- lhe o corpo material até a sepultura, sentindo que ele ressurgia para uma vida mais elevada e mais sublime.

BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC

Nascido em Lião, a 3 de outubro de 1804, de antiga família que se distinguiu na magistratura e no foro, Allan Kardec (Léon-Hippolyte-Denizart Rivail ) não seguiu a carreira dos Avoengos, sentindo-se, desde os verdes anos, atraído pelos estudos da ciência e da filosofia. Matriculado na escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais aplicados discípulos daquele eminente professor e um dos mais zelosos propagadores do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu na reforma dos estudos de Alemanha e de França. Dotado de notável inteligência e atraído para o ensino por vocação e especiais aptidões, desde os quatorze anos ensinava aos condiscípulos menos adiantados o que ia aprendendo. Foi com essas lições que se lhe desenvolveram as idéias, que mais tarde deveriam colocá-lo entre os homens do progresso e do livre pensamento. Nascido na religião Católica, mas educado no Protestantismo, serviram-lhe os atos de intolerância por que passou, de incentivo, em boa hora, ao pensamento de uma reforma religiosa, na qual trabalhou, em silêncio, por dilatados anos, procurando alcançar o meio de unificar as crenças, sem que pudesse descobrir, entretanto, o elemento indispensável para a solução do grande problema. Foi o Espiritismo que, mais tarde, lhe facultou esse meio, imprimindo-lhe aos trabalhos particular orientação.



Concluídos os estudos, tornou à França; possuindo profundo conhecimento da língua alemã, traduziu para ela diferentes obras de educação e moral, entre as quais , o que é característico, as de Fénelon, que mui particularmente o seduziram. Era membro de muitas sociedades científicas e entre elas a da Academia Real de Arras, que, no concurso de 1831, lhe coroou uma notável memória acerca da questão: Qual o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época?



De 1835 a 1840, fundou em sua casa, na rua Sévres, cursos gratuitos de física, química, anatomia comparada, astronomia, etc.- empresa digna de encômios em qualquer tempo, mas principalmente numa época em que bem poucos eram os interessados que se aventuravam pôr aquela senda. Sempre empenhado em tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, inventou , ao mesmo tempo, um método engenhoso para aprender a contar e um quadro mnemônico da história de França, cujo objetivo era fixar na memória as datas dos mais notáveis acontecimentos, bem como os descobrimentos que ilustram cada reinado.



Entre as numerosa obras de educação, podemos citar as seguintes: Plano para o melhoramento da instrução pública, 1828. _ Curso prático e teórico de aritmética, segundo o método de Pestalozzi , para uso de professores e de mães de família, 1829._ Gramática francesa clássica, 1831._ Manual para exames de capacidade. Soluções racionais de questões e problemas de aritmética e de geometria, 1846. _ Catecismo gramatical da língua francesa, 1848._ Programa dos cursos ordinários de física, química, astronomia, fisiologia (que ele dava no Liceu Polimático).



Pontos para os exames da Câmara Municipal e da Sorbonne, acompanhados de instruções especiais sobre as dificuldades ortográficas, 1849, obra muito estimada na ocasião da qual ainda recentemente se faziam novas edições. Antes que o Espiritismo lhe viesse popularizar o pseudônimo de Allan Kardec, havia ele, como se vê, sabido ilustrar-se com trabalhos de natureza mui diversa, os quais tinham pôr finalidade esclarecer a massa popular, prendendo-a ainda mais ao sentimento de família e ao amor de pátria. Em 1855, quando se começou a tratar das manifestações de Espíritos, Allan Kardec dedicou-se a perseverantes observações do fenômeno e cuidou principalmente de lhe deduzir as conseqüências filosóficas; entreviu de longe o princípio de novas leis naturais; aquelas que regem as relações entre o mundo visível e invisível.



Reconheceu, nas manifestações deste, uma das forças da natureza, cujo conhecimento devia projetar luz a uma infinidade de problemas considerados insolúveis. Finalmente percebeu a relação de tudo aquilo com pontos de vista religiosos. As suas principais obras acerca da nova matéria são: O Livro dos Espíritos, para a parte filosófica, cuja a primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857. O Livro dos Médiuns, para a parte experimental e científica, publicada em janeiro de 1861. O Evangelho Segundo o Espiritismo, para a parte moral , publicada em abril de 1864. O Céu e o Inferno, ou A Justiça de Deus segundo o Espiritismo, agosto de 1865. A Gênese, os Milagres e as Predições, janeiro de 1868.



A Revista Espírita, órgão de estudos psicológicos, publicação mensal começada em 1 de janeiro de 1858. Fundou em Paris, a 1 de abril de 1858, a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Societé parisiense des études spirites, cujo o fim exclusivo era o estudo de tudo quanto pudesse contribuir para o progresso da nova ciência. Allan Kardec se defendeu admiravelmente da pecha de haver escrito sob a influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas. Homem de caráter frio e severo, observara os fatos e das observações deduziu as leis que os regem; foi o primeiro que, a propósito desses fatos, estabeleceu teoria e constituiu em corpo de doutrina , regular e metódico. Demonstrando que os fatos, falsamente chamados sobrenaturais, são sujeitos as leis, os subordinou à categoria dos fenômenos da natureza, e fez ruir, assim, o último reduto do maravilhoso, que é uma das causas da superstição.



Durante os primeiros anos de preocupação com os fenômenos espíritas, foram estes mais objeto de curiosidade que de meditações sérias. O Livro dos Espíritos fez com que fossem encarados pôr outra face: desprezaram-se as mesas falantes, que tinham sido o prelúdio e se ligou o fenômeno a um corpo de doutrina, que compreendia questões concernentes à humanidade. Da aparição do livro data a verdadeira fundação do Espiritismo, que até então só possuía elementos esparsos, sem coordenação, e cujo o alcance não tinha sido compreendido pôr todos. Também foi desde aquela época que a doutrina prendeu a atenção dos homens sérios e adquiriu rápido desenvolvimento. "Em poucos anos, as idéias espíritas contavam com numerosos aderentes nas classes sociais e em todos os países.



O êxito, sem precedentes, é obra da simpatia que essas idéias encontram, mas também é devido, em grande parte, à clareza característica dos escritos de Allan Kardec. "Abstendo-se das fórmulas abstratas da metafísica, o autor soube fazer-se sem fadiga, condição essencial para a vulgarização de uma idéia. Sobre todos os pontos de controvérsia, a sua argumentação, de uma lógica cerrada, oferece pouco material à contestação e predispõe o antagonista à convicção. "As provas materiais, que o Espiritismo fornece tanto da existência da alma como da vida futura, derrocam as idéias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos da doutrina, o qual decorre do precedente, é o da pluralidade das existências, já entrevista pôr inúmeros filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, pôr Jean Reynaud, Charles Fourier, Eugène Sue e outros; mais tinha ficado no estado de hipótese, ao passo que o Espiritismo demonstra a sua realidade e prova que é um dos atributos essenciais da humanidade.



Desse princípio decorre a solução de todas as anomalias aparentes da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais. O homem sabe assim donde vem, para onde vai, para que fim está na Terra e pôr que sofre aqui. "As idéias inatas explicam-se pelos conhecimentos adquiridos em vidas anteriores; o caminhar dos povos explica-se pelos homens do tempo passado, que voltam a esta vida, depois de terem progredido; as simpatias e as antipatias, pela natureza das relações anteriores, relações que ligam a grande família humana de todas as épocas aos altos princípios da fraternidade, da igualdade, da liberdade e da solidariedade universal, têm pôr base as mesmas leis a Natureza e não mais uma teoria.



Em vez do princípio: Fora da Igreja não há salvação, que mantém a divisão e a animosidade entre diferentes seitas e que tanto sangue tem feito correr- o Espiritismo tem pôr máxima: Fora da caridade não há salvação, isto é, a igualdade dos homens perante Deus, a liberdade da consciência, a tolerância e a benevolência mútuas. Em vez da fé cega, que aniquila a liberdade de pensar, ensina: a fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade; para a fé é preciso uma base e esta é a inteligência perfeita do que se deve crer; para crer não basta ver, é preciso sobretudo compreender; a fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que produz hoje o maior número de incrédulos, pôr querer impor-se. Exigindo a alimentação das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e i livre arbítrio.(Evangelho segundo o Espiritismo).



Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a iniciar o trabalho e o último a deixá-lo, Allan Kardec sucumbiu a 31 de março de 1869, em meio dos preparativos para mudar de domicílio, como lho exigia a extensão considerável das múltiplas ocupações. Numerosas obras, que tinha em mão, ou que só esperavam oportunidade para vir a lume, provar-lhe-ão um dia a magnitude das concepções. Morreu como viveu: trabalhando. Desde longos anos sofria do coração, que reclamava, como meio de cura, o repouso intelectual, com pequena atividade material. Ele, porém, inteiramente entregue às obras, negava-se a tudo o que lhe roubasse um instante das suas ocupações de predileção. Nele, como em todas as almas de boa têmpera, a lima do trabalho gastou o aço do invólucro. O corpo, entorpecido, recusava-lhe os serviços; mas o espírito, cada vez mais vivaz, mais enérgico, mais fecundo, alargava-lhe o círculo da atividade. Na luta desigual a matéria nem sempre podia resistir.



Um dia foi vencida: o aneurisma rompeu-se e Allan Kardec caiu fulminado. Um homem desapareceu da terra, mas o seu grande nome tomou lugar entre as ilustrações do século e um culto espírito foi retemperar-se no infinito, onde aqueles, que ele próprio havia consolado e esclarecido, lhe esperavam a volta com impaciência. "A morte, dizia mui recentemente, a morte amiúda os golpes na falange dos homens ilustres!... A quem virá ela agora libertar?" Foi ele, depois de tantos outros, retemperar-se no espaço e buscar outros elementos para renovar o organismo gasto pôr uma vida de labores incessantes. Partiu com aqueles que virão a ser os luminares da nova geração, a fim de voltar com eles para continuar e concluir a obra que deixou confiada a mãos dedicadas. O homem deixou-nos, mas a sua alma será sempre conosco.



É um protetor seguro, uma luz a mais, um labutador infatigável, que foi aumentar as forças das falanges do espaço. Como na terra, saberá moderar o zelo dos impetuosos, secundar as intenções dos sinceros e dos desinteressados, estimular os vagarosos - saberá enfim, sem ferir a ninguém, fazer com que todos lhe ouçam os mais convenientes conselhos. Ele vê e reconhece agora o que ainda ontem apenas previa. Não mais está sujeito às incertezas e aos desfalecimentos e contribuirá para participarmos das suas convicções, fazendo-nos alcançar a meta, dirigindo-nos pelo bom caminho, tudo nessa linguagem clara, precisa, que constitui um característico nos anais literários.



O homem, nós o repetimos, deixou-nos, mas Allan Kardec é imortal, e a sua memória, os trabalhos, o Espírito, estarão sempre com aqueles que sustentarem com firmeza e elevação a bandeira, que ele sempre soube fazer respeitar. Uma individualidade pujante construiu o monumento. Esse monumento será para nós na Terra a personificação daquela individualidade. Não se congregarão em torno de Allan Kardec: congregar-se-ão em torno do Espiritismo, que é o monumento pôr ele erigido. Através dos conselhos dele, sob a sua influência, caminharemos com passo firme para essas fases venturosas prometidas à humanidade regenerada. (Revue Spirit. Maio 1869)

BIOGRAFIA DE ANDRE LUIZ

Biografia de André Luiz

André Luiz

O espírito que conhecemos como André Luiz, em sua última encarnação foi um médico brasileiro residente no Rio de Janeiro. Com bons conhecimentos científicos e grande capacidade de observação, foi-lhe permitido relatar, através do médium Francisco Cândido Xavier, suas experiências como desencarnado. Desejando manter o anonimato - possivelmente respeitando parentes ainda encarnados - quando questionado sobre seu nome, respondeu adotando o nome de um dos irmãos de Chico Xavier.

Alguns espíritas, talvez mais levados pela curiosidade do que por fins práticos, já criaram algunas hipóteses sobre a identificação do médico carioca desencarnado, mas são apenas especulações sem maior solidez ou confirmação pelo próprio André Luiz. O primeiro livro de André Luiz é de 1943. Neste livro ele descreve sua chegada ao plano espiritual, iniciando pelo período de pertubação imediato após a morte, seguindo pelo seu restabelecimento e primeiras atividades, até o momento em que se torna "cidadão" de "Nosso Lar", colônia espiritual que dá nome ao livro.

Seguem-se outras obras que descrevem experiências e estudos do autor no plano espiritual, que ao longo da obra vão cada vez mais sendo direcionados a tarefa de esclarecimento dos encarnados sobre as realidades do plano espiritual, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier (as datas são dos prefácios de Emmanuel):

26 de fevereiro de 1944 - Os Mensageiros, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
13 de maio de 1945 - Missionários da Luz, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
25 de março de 1946 - Obreiros da Vida Eterna, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
25 de março de 1947 - No Mundo Maior, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
18 de junho de 1947 - Agenda Cristã, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
22 de fevereiro de 1949 - Libertação, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
23 de janeiro de 1954 - Entre o Céu e a Terra, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
3 de outubro de 1954 - Nos Domínios da Mediunidade, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
1 de janeiro de 1957 - Ação e Reação, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
21 de julho de 1958 - Evolução em dois Mundos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
6 de agosto de 1959 - Mecanismos da Mediunidade, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
17 de janeiro de 1960 - Conduta Espírita, médium Waldo Vieira, FEB
4 de julho de 1963 - Sexo e Destino, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
2 de janeiro de 1964 - Desobsessão, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
18 de abril de 1968 - E a Vida Continua, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
21 de maior de 1975 - Respostas da Vida, Médium Francisco Cândido Xavier, IDEAL

Além destes livros, André Luiz, também participou de obras conjuntas com outros autores espirituais, principalmente Emmanuel. A relação abaixo, indica algumas destas obras (as datas são dos prefácios):

9 de outubro de 1961, O Espírito da Verdade, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
2 de julho de 1963, Opinião Espírita, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
11 de fevereiro de 1965, Estude e Viva, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
15 de maio de 1965, Entre Irmãos de Outras Terras, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
3 de junho de 1972, Mãos Marcadas, Autores Diversos, médiun Francisco Cândido Xavier, IDE
3 de outubro de 1973, Astronautas do Além, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires, GEEM
15 de maio de 1983, Os Dois Maiores Amores, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, GEEM
6 de agosto de 1987, Cura, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, G.E.E.M
17 de janeiro de 1989, Doutrina e Aplicação, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, CEU

A obra medíunica de André Luiz teve - e ainda tem - uma influência considerável sobre o movimento espírita. Suas descrições do plano espiritual - tornando mais preciso e detalhado nosso conhecimento do mesmo - estabeleceram novo patamar de compreensão da vida espiritual, também incentivaram a criação de instituições espíritas devotadas as atividades assistências e grupos de estudos inumeráveis. Por exemplo, temos as "Casas André Luiz" e o "Grupo Espírita Nosso Lar", que se dedicam ao atendimento de crianças deficientes; a "Casa Transitória Fabiano de Cristo", que se dedica ao atendimento de gestantes carentes; o grupo "Os Mensageiros" que se dedica a distribuição gratuita de mensagens espíritas; a própria Associação Médico-Espírita, que tem aprofundado o estudo das obras mediúnicas de André Luiz e suas relações com a prática médica.

É interessante observar que o primeiro livro de André Luiz causou grande impacto pela novidade de suas informações, alguns chegaram a contestar suas descrições de uma vida espiritual muito semelhante a que levamos na Terra, mas o acúmulo de evidências - deste mensagens descrevendo de modo fragmentário a vida espiritual, até obras completas de outros espíritos, por médiuns como Yvonne A. Pereira - provaram sua veracidade. O mais curioso é que descrições semelhantes já existiam desde os primeiros tempos do "Modern Spiritualism" - por exemplo, as que foram registradas por Andrew Jackson Davis (nasc. 1826 - desenc. 1910) - mas tinham caido no esquecimento.

Bibliografia
As Vidas de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, Ed. Rocco;
Chico Xavier - Mensageiro de Deus, Coleção Luzes do Caminho, Editora
Escala;
Ciclo de Estudos Sobre a Obra Evolução em Dois Mundos - Boletim
Médico-Espírita número 5, Dr. Paulo Bearzoti, AME;
História do Espiritismo, Arthur Connan Doyle, trad. Julio de Abreu Filho,
Editora Pensamento;
Lindos Casos de Francisco Cândido Xavier, Ramiro Gama, LAKE;
Obras diversas de André Luiz;

BIOGRAFIA DE CHICO XAVIER

Chico Xavier







Francisco Cândido Xavier, mais conhecido por Chico Xavier, considerado o médium do século e o maior psicógrafo de todos os tempos, nasceu em Pedro Leopoldo, pequena cidade do estado de Minas Gerais, Brasil, no dia 2 de Abril de 1910.

Filho de um operário pobre e inculto, João Cândido Xavier, e de uma lavadeira chamada Maria João de Deus, falecida em 1915, quando o filhinho contava apenas com 5 anos de idade. Na altura tinha mais 8 irmãos, tendo todos sido distribuídos por vários familiares e pessoas amigas. Como órfão de mãe em tenra idade, sofreu muito em casa de pessoas de precária sensibilidade.

Aos nove anos seu pai, já casado novamente, empregou-o como aprendiz numa indústria de fiação e tecelagem. De manhã, até às 11 horas, freqüentava a escola primária pública, depois trabalhava na fábrica até às 2 horas da madrugada. Aprendeu mal a ler e a escrever. Quando concluiu o pequeno curso da escola pública empregou-se como caixeiro numa loja e mais tarde como ajudante de cozinha e café.

Em 1933 o Dr. Rômulo Joviano, administrado da Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, deu ao Jovem Xavier uma modesta função na Fazenda e lá se tornou um pequeno funcionário público em 1935, tendo trabalhado consecutivamente até finais dos anos cinqüenta, altura em que foi aposentado por invalidez (doença incurável nos olhos), com a categoria de escrevente datilógrafo . Não podemos deixar de registrar, sob pena de cometermos grave omissão, que durante as décadas que esteve ao serviço do Ministério da Agricultura, jamais -- não obstante a sua precária saúde e trabalho doutrinário, fora das horas de serviço -- deu uma única falta ou gozou qualquer tipo de licença, conforme documentos facultados pelo M. A. Em finais da mesma década de cinqüenta, vai residir em Uberaba - MG, por motivos de saúde e a conselho médico, onde permanece até hoje e apenas com a sua magra reforma (aposentadoria).

As suas faculdades mediúnicas são extraordinárias, Sua mediunidade (capacidade natural de ser intermediário entre o plano material e o plano espiritual) manifestou-se, quando tinha 4 anos de idade, pela clarividência e clariaudiência, pois via e ouvia os Espíritos e conversava com eles sem a mínima suspeita de que não fossem homens normais do nosso mundo. Já como jovem e depois como adulto, muitas vezes não diferencia de imediato os homens dos Espíritos. Aos 5 anos, já órfão de mãe, esta manifestou-se várias vezes junto dele encorajando-o e dizendo-lhe que não poderia ir para casa porque estava em tratamento, mas que enviaria um bom anjo que juntaria novamente a família. Esse bom anjo foi a D. Cidália, a segunda esposa de João Xavier, que para casar com o seu pai fez questão de reunir todos os filhos do primeiro casamento e lhe daria depois mais cinco irmãos.

Quando tinha 17 anos, fundou-se o grupo espírita Luiz Gonzaga , onde rapidamente desenvolveu a psicografia, isto é, a faculdade de escrever mensagens dos Espíritos. Época em que se desligaria da Igreja Católica onde deu os primeiros passos na espiritualidade, mas onde não encontrava explicação para os fenômenos que se passavam com ele, designadamente a perseguição de espíritos inferiores de que era alvo. O padre que o ouvia nas confissões foi um conselheiro, um verdadeiro pai e não o dissuadiu do caminho que iniciou no Espiritismo, mas abençoou-o e nunca deixou de ser seu amigo.

No centro espírita começou a psicografar poemas notáveis de famosos poetas mortos, num nível literário tão elevado que os próprios companheiros do grupo não conseguiam atingir integralmente o seu conteúdo. Muitos desses poetas eram totalmente desconhecidos do meio, nomeadamente alguns portugueses: António Nobre, Antero de Quental, Guerra Junqueira e João de Deus. A 9 de Julho de 1932, seria publicada a célebre PARNASO DE ALÉM-TÚMULO , a sua primeira obra psicografada que iria abalar os meios intelectuais do Brasil e tornar conhecida a pacata Pedro Leopoldo.

O estilo dos 56 poetas mortos, entre os quais vários portugueses, era precisamente idêntico ao estilo dos mesmos enquanto vivos, informavam os literatos das academias e universidades dos grandes centros culturais do Brasil, embora não soubessem explicar o fenômeno. Seria o início da sua imponente obra mediúnica que hoje já ultrapassa os 350 livros.

Bastava apenas um desses livros para constituir um roteiro seguro para o homem na Terra rumo à sua alforria, à sua felicidade. Seus ensinamentos revivem plenamente o Evangelho de Jesus e as lições do Consolador que Kardec -- o discípulo fiel de Jesus -- nos legou com tanto sacrifício e renúncia.

Mas de mil entidades espirituais nos deram informações através das suas abençoadas mãos, provando à saciedade a imortalidade do Espírito e a sua comunicabilidade com os homens. Mas falar de Chico Xavier é falar de EMMANUEL que indelevelmente estará ligado à sua missão. Esse venerando Espírito é o seu protetor espiritual e manifestou-se-lhe pela primeira vez de forma ostensiva em 1931, acompanhado-o desde então até hoje. A respeito desse Benfeitor espiritual nos diz o próprio médium:
Lembro-me de que num dos primeiros contactos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquece-lo.

Emmanuel propõe ainda ao jovem Xavier mais três condições para com ele trabalhar: 1ª condição, DISCIPLINA 2ª condição, DISCIPLINA, 3ª condição, DISCIPLINA.

Entre as muitas dezenas de obras mediúnicas de Emmanuel, destacamos os cinco documentos históricos, retirados dos arquivos do plano espiritual, que constituem autênticas obras primas de literatura, e que nos mostram o nascimento do cristianismo e a sua paulatina adulteração logo nos primeiros séculos da era. São os romances mediúnicos baseados em fatos verídicos: HÁ 2000 ANOS ... (a autobiografia de Emmanuel, a história do orgulhoso senador romano Publico Lentulus), 50 ANOS DEPOIS , AVE, CRISTO , RENÚNCIA e PAULO E ESTEVÃO (a história de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante ). Esta última obra, de 553 paginas, por si só justificaria a missão mediúnica de Chico Xavier, segundo o erudito J. Herculano Pires.

Em 1943 começara a utilizar a mediunidade do abnegado médium uma nova entidade espiritual que assinará as suas mensagens com o nome André Luiz. Quem não conhece, mesmo aqui em Portugal, a quadra:

Não se irrite. SORRIA
Não critique. AUXILIE
Não grite. CONVERSE
Não acuse. AMPARE


André Luiz é o pseudônimo utilizado por um espírito que foi médico e cientista na sua última existência e que desencarnou numa clínica do Rio de Janeiro pelo início da década de trinta. É considerado o verdadeiro repórter de além-túmulo. Relata-nos numa séria de 11 livros a experiência do seu pensamento, as dificuldades iniciais, o reencontro com familiares e conhecidos que o precederam na partida para o plano espiritual a observação e as expedições de estudo junto de Espíritos de elevada evolução. Esses relatos começam com o já célebre, livro NOSSO LAR (nome duma cidade do plano espiritual), hoje traduzido em vários idiomas, entre eles o Japonês e o Esperanto e que já vai na 40ª edição em Português, com 800.000 exemplares editados até hoje. Obra que também iria causar e ainda causa uma certa polemica. Nessa série de reportagens a alma humana é profundamente escalpelizada, e onde se confirma na prática os ensinamentos que Jesus nos legou há dois milênios atrás e que Kardec relembra e amplia tão bem sob orientação do Espírito de Verdade. Um dia, no futuro, os médicos, os psicólogos, os sociólogos, etc., ficarão admirados pela sabedoria neles contida, que já no século XX se encontrava no Planeta, apontando diretrizes segura para a felicidade e paz entre os homens.

A obra monumental de Chico Xavier que se considera, segundo suas próprias palavras: um servidor humilde -- humilde no sentido da desvalia pessoal , jamais serviu para beneficiar materialmente a sua pessoa. Todos os direitos autorais foram cedidos graciosamente a instituições espíritas, nomeadamente à Federação Espírita Brasileira, e a instituições de solidariedade social. Quando as autoridades públicas lhe concedem títulos de cidadania (mais de cem já lhe foram concedidos) diz que o mérito não é para ela mas para os Espíritos e sobretudo para a Doutrina Espírita que revive os ensinamentos de Jesus na sua plenitude e que ele não passa de um poste obscuro para a colocação do aviso de que a Doutrina Espírita foi premiada com essas considerações públicas .

Há que registrar também que várias centenas de instituições de solidariedade social forma criadas e inspiradas no seu exemplo e obra: orfanatos, escolas para os pobres, lares de deficientes, sopas dos pobres, campanhas do quilo, ambulatórios médicos, alfabetização de adultos, bibliotecas, etc., etc.
Antes de encerrarmos estas notas gostaríamos de registrar ainda o seu ponto de vista em relação às outras doutrinas, filosofias e ideologias, aliás que são o do próprio Espiritismo, mas passemos-lhe novamente a palavra:
Nosso amigo espiritual, Emmanuel, nos aconselha a respeitar crenças, preconceitos, pontos de vista e normas de quaisquer criaturas que não pensem como nós, mas adverte-nos que temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita e que precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem intransigências e zelo sem fanatismo .

Estes são alguns dos traços biográficos desse abnegado bem-feitor que renunciou a tudo para que o mundo seja um pouco melhor e que dá pelo nome simples de Chico Xavier.